
Uma onda de ataques das forças israelenses na Faixa de Gaza pôs fim à trégua com o Hamas, acusado por Telaviv de rejeitar as negociações. Civis fogem, enquanto parentes de reféns protestam
Esta quarta-feira (19/03) completaria dois meses do acordo de cessar-fogo em Gaza, assinado por Israel e pelo Hamas em 19 de janeiro, mas na noite entre esta segunda e terça-feira as forças de defesa israelenses o romperam com um ataque aéreo maciço realizado em toda a Faixa de Gaza que, de acordo com as estimativas, teria causado pelo menos 350 mortes - a maioria mulheres, idosos e crianças -, mas o número deve aumentar. As forças de defesa israelenses ordenaram, na manhã desta terça-feira, a evacuação dos residentes da Faixa de Gaza nas áreas que fazem fronteira com Israel.A questão nodal do retorno dos reféns
Israel chamou o ataque de preventivo para impedir o rearmamento e a reorganização ofensiva do Hamas, sobre o qual os EUA haviam sido informados, motivado pela resistência do Hamas em libertar os 59 reféns que ainda mantém em seu poder, dos quais estima-se que 22 ainda estejam vivos. “As portas do inferno serão abertas em Gaza, ela será atingida com uma força sem precedentes”, anunciou o ministro da Defesa israelense, Katz, que acrescentou: “Combateremos até que todos os reféns sejam devolvidos e todos os objetivos da guerra sejam alcançados”. Os ataques, portanto, continuarão, segundo os israelenses, “enquanto for necessário”, insistindo sobretudo nas escolas e nos campos que abrigam os deslocados. O Hamas, que acusa Israel de “sacrificar os reféns e impor uma sentença de morte a eles”, estaria “trabalhando” com os mediadores das negociações de cessar-fogo com os israelenses em Gaza para “conter a agressão” na Faixa. Foi o que declarou o porta-voz do grupo, que acredita que Israel, ao se opor ao “acordo de cessar-fogo”, atacou para “impor novas condições de negociação”.O fracasso das negociações
Em Doha, as conversações foram retomadas com a mediação do Qatar, mas terminaram em um impasse: enquanto o Hamas pressionava pelo início da segunda fase das negociações, Israel buscava a continuação da primeira, com a libertação de mais reféns, mas sem o fim do conflito ou a retirada dos soldados e, para pressioná-lo, também interrompeu a entrada de ajuda e a eletricidade na Faixa de Gaza.