Os serviços policiais e alfandegários de 100 países apreenderam 3,75 milhões de caixas de medicamentos falsificados vendidos na internet, num valor de 10,5 milhões de dólares, um novo recorde, durante uma operação de uma semana coordenada pela Interpol.
Setenta e nove pessoas foram presas entre 25 de setembro e 2 de outubro durante a operação "Pangea 5", organizada pelo quinto ano consecutivo e que reuniu 20 países a mais, em relação ao ano passado, indicou a organização de cooperação policial baseada em Lyon (centro da França).
Participaram dela mais de cem países dos cinco continentes, entre eles Estados Unidos, Espanha, França, Alemanha, Rússia, Austrália e China.
Na América Latina a operação incluiu Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Costa Rica, República Dominicana, Equador, El Salvador, Nicaragua, Panamá, Peru e Venezuela.
Em 2011, 2,4 milhões de remédios perigosos para a saúde foram apreendidos em aeroportos, postos de correio e laboratórios clandestinos, cujo valor total chegou a 6,3 milhões dólares.
Entre as substâncias apreendidas, estão drogas para o tratamento do câncer, antibióticos e medicamentos para emagrecer, além de complementos alimentares.
Na França, as autoridades alfandegárias confiscaram 427.000 medicamentos contrabandeados e falsificados, mais de 356.800 apenas no aeroporto de Roissy, em Paris, um total quase três vezes maior do que em 2011.
Mais de 44% das apreensões francesas foram de drogas contra a disfunção erétil, e quase 35%, de produtos dopantes. Agentes do aeroporto de Roissy apreenderam, por exemplo, antes de 1º de outubro, 66.480 doses de hormônio de crescimento que iriam para a Romênia.
Além disso, no mundo inteiro, 18.000 sites de comércio ilícito de drogas foram fechados. Graças ao apoio de empresas como Visa, Mastercard e Paypal, os pagamentos foram suspensos e as propagandas (spam) e mensagens em redes sociais, bloqueadas.
Através dos "esforços coordenados" da polícia, de órgãos de saúde, de organismos de controle nacional de medicamentos e de laboratórios farmacêuticos, entre outros, "alcançamos os resultados mais importantes desde o lançamento, há cinco anos, da Pangea", comemorou em um comunicado o secretário-geral da Interpol, Ronald K. Noble.
"Este é um passo significativo para a proteção da saúde humana e segurança pública, e na luta contra as redes organizadas por trás desses crimes", considerou.
A operação tendo como alvo o mercado negro internacional de medicamentos falsificados, também se destina a chamar a atenção do público para os riscos envolvidos no consumo de tais produtos.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), aproximadamente 50% dos medicamentos vendidos na internet são falsificados. Eles podem conter substâncias ativas que não constam na bula, ou podem ser alterados pelas condições de armazenamento e transporte inadequados.
"Quanto mais a internet é acessível em todo o mundo, mais o número de potenciais vítimas cresce, por isso ações internacionais, como a Pangea, são vitais", declara Aline Plançon, chefe da unidade de falsificação de produtos médicos e crimes farmacêuticos da Interpol.
"O consumidor muitas vezes não está atento, enquanto 93% das farmácias on-line são ilegais e proibidas na maioria dos países", ressalta esta mulher, que convida as pessoas a consultar as agências de saúde antes comprar.
Ela também lamenta "a fraqueza dos meios legais dos países para obrigar um site a fechar".