A Austrália perdeu um pouco da sua inocência no sequestro de Sidney, perpetrado por um radical islâmico. Na ressaca do ataque que provocou três mortos e seis feridos, os australianos vão dando mostras de querer continuar a viver numa sociedade multicultural.
País pacífico e sem registo de atentados terroristas há várias décadas, a Austrália ficou em estado e choque com a tragédia num café da zona comercial de Martin Place, no distrito financeiro da cidade de Sidney.
“É horrível. Sinto que perdemos alguma da nossa inocência”. As palavras de uma mulher que foi deixar uma flor juntou ao local da tragédia traduzem o sentimento de muitos australianos que, até esta segunda-feira, encaravam o terrorismo como uma quase improbabilidade.
O ataque foi levado a cabo por Man Haron Monis, um refugiado iraniano que aderiu ao extremismo islâmico. Era um velho conhecido das autoridades, condenado por agressão sexual, que se dedicava a enviar cartas de ódio a familiares de soldados australianos mortos no estrangeiro.
O primeiro-ministro australiano, Tony Abbott, dirigiu-se à nação para dizer que o atirador tinha um longo historial de violência, adoração pelo extremismo e era mentalmente instável. Tony Abbott admitiu que o país é "vulnerável a actos de violência motivos por razões políticas".
Pouco depois de as forças especiais terem posto fim ao sequestro de 17 horas e abatido Man Haron Monis, a presidente da câmara de Sidney lançou um apelo contra a instalação de um clima de medo e de suspeição.
O sequestro no café de Sidney provocou uma onda de condenação nas redes sociais e desencadeou um movimento anti-racismo e o preconceito contra a comunidade muçulmana.
A imprensa australiana vai divulgando mais pormenores sobre o sequestro. Uma das vítimas mortais chama-se Katrina Dawson. A advogada, de 38 anos, deixa três filhos.
O outro refém que perdeu a vida era o gerente do café Lindt, onde ocorreu o ataque. De acordo com relatos da comunicação social, que ainda não foram confirmados pelas autoridades, Tori Johnson terá morrido a lutar contra Man Haron Monis, instantes antes da operação policial que pôs fim ao sequestro.