As eleições na Alemanha eram para a União Europeia uma formalidade, mas o fracasso da chanceler Angela Merkel em formar um governo de união preocupa seus sócios, pois a crise política na primeira economia do bloco continua freando a agenda de reformas da UE.
O fracasso das negociações entre os conservadores de Merkel, os liberais do FDP e os verdes levou a UE a "uma situação muito, muito difícil", reconheceu nesta segunda-feira em Bruxelas o ministro das Finanças da Áustria, Hans Jörg Schelling.
"Nos encontramos em meio a uma fase em que estamos debatendo sobre aprofundar a (integração da) Europa e como fazer isso, e um sócio como a Alemanha é crucial", acrescentou Schelling, que alertou sobre novas eleições com "um resultado incerto".
A UE esperava a passagem das eleições na Holanda, na França e na Alemanha em 2017 para começar a impulsionar um bloco submerso nas negociações do Brexit, sua maior crise política, que será concretizado em 29 de março de 2019.
O presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, e o presidente da segunda economia da zona do euro, o francês Emmanuel Macron, também apresentaram seus ambiciosos planos para aprofundar a União Econômica e Monetária.
Os primeiros passos deveriam ser tomado em uma cúpula da zona do euro em meados de dezembro, mas sem um governo na Alemanha, um "país muito influente na UE", "será muito complicado tomar decisões difíceis", nas palavras do chanceler holandês Halbe Zijlstra.
"Ninguém pode preencher o vazio de Merkel", avalia Dominik Grillmayer, do Instituto Franco-Alemão de Ludwigsburg (Alemanha), para quem isso supõe um problema para as reformas de Macron, que "precisa de Merkel". "Ele não pode se comportar como homem forte da Europa no lugar da chanceler".
Entre as importantes decisões dos próximos meses, uma das mais controversas é a reorientação do sistema europeu de refúgio. A política migratória foi, inclusive, o principal obstáculo nas negociações para formar governo.