O novo arquivista e bibliotecário da Santa Sé, Dom José Tolentino de Mendonça, foi este Sábado ordenado bispo no Mosteiro dos Jerónimos.
A celebração foi presidida pelo cardeal-patriarca de Lisboa, D. Manuel Clemente, e teve como bispos co-ordenantes o cardeal Dom António Marto, bispo de Leiria-Fátima, e D. Teodoro de Faria, bispo emérito do Funchal.
Antes da ordenação, foi proclamado publicamente o mandato apostólico, do Papa, por um responsável da Nunciatura Apostólica (embaixada da Santa Sé em Portugal).
Francisco explica que confia ao arcebispo madeirense um serviço numa instituição de “grande relevância”, que acolhe investigadores de todas as partes do mundo.
O documento destaca o cuidado que a Igreja Católica presta ao “repositório dos documentos antigos e aos tesouros da cultura humana”, que exigia, na escolha pontifícia, uma pessoa “exímia” para “zelar pelos escritos e testemunhos que os tempos legaram”.
O Papa elogia as provadas dadas por D. José Tolentino Mendonça “no que toca à excelência de notáveis virtudes de inteligência e de espírito”.
Na sua homilia, o cardeal-patriarca sublinhou a felicidade de todos os presentes pela escolha de D. José Tolentino Mendonça para assumir a responsabilidade por um “património único de memória criativa”, no Vaticano.
D. Manuel Clemente destacou a “inteligência e sensibilidade” do novo arquivista e bibliotecário da Santa Sé, e elogiou a “fecunda escrita” do novo bispo, que propõe uma “pedagogia do olhar”.
Neste contexto, destacou o “modo de ver” de Jesus, marcado pela “profundidade”, um olhar que se fixa em quem se aproxima.
“Apenas vale o que nos faz viver, a nós e aos outros”, assinalou o cardeal-patriarca.
Para D. Manuel Clemente, o bispo deve ser alguém capaz de um “olhar cuidadoso e vígil”, promovendo o amor a Deus e ao próximo.
“As grandes necessidades resolvem-se do pouco para o muito, quando a disponibilidade é total e concreta”.
O novo bispo recebeu, simbolicamente, os livros dos Evangelhos, a mitra e o báculo, como sinal da sua missão de pastor.
A assembleia conta com a presença de autoridades religiosas, políticas, académicas e militares, incluindo o presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, além de figuras do mundo da cultura.
O Papa Francisco nomeou, a 26 de Junho, o sacerdote madeirense como arquivista do Arquivo Secreto do Vaticano e bibliotecário da Biblioteca Apostólica, elevando-o à dignidade de arcebispo.
O início das novas funções de D. José Tolentino de Mendonça está marcado para o dia 1 de Setembro.
O até agora vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa orientou este ano o retiro de Quaresma do Papa Francisco e seus mais directos colaboradores, entre 18 e 23 de Fevereiro em Ariccia, localidade nos arredores de Roma.
D. José Tolentino Mendonça nasceu em Machico (Arquipélago da Madeira) em 1965 e foi ordenado padre em 1990; é doutorado em Teologia Bíblica.
Biblista, investigador, poeta e ensaísta, Tolentino Mendonça foi condecorado com o grau de Comendador da Ordem de Sant’lago da Espada por Aníbal Cavaco Silva, presidente da República, em 2015.
O responsável português sucede no cargo de arquivista do Arquivo Secreto do Vaticano e bibliotecário da Biblioteca Apostólica o arcebispo Jean-Louis Bruguès.