Os chefes de Estado e de Governo da União Europeia chegaram esta Terça-feira a acordo sobre as nomeações para os cargos institucionais de topo, designando a alemã Ursula von der Leyen para a presidência da Comissão Europeia, anunciou Donald Tusk.
Anunciado pelo presidente do Conselho Europeu, o compromisso alcançado ao fim de uma 'maratona' negocial, que se prolongou em Bruxelas ao longo de três dias, contempla ainda a nomeação do primeiro-ministro belga em funções, o liberal Charles Michel, para a presidência do Conselho Europeu, do ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros, o socialista Josep Borrell, como Alto Representante da UE para a Política Externa e ainda da francesa Christine Lagarde para o Banco Central Europeu (BCE).
Com a designação de Ursula von der Leyen, ministra alemã da Defesa e muito próxima da chanceler Angela Merkel, o PPE, que presidiu à Comissão ao longo dos últimos 15 anos e que venceu as eleições europeias de maio, retém assim o mais 'desejado' dos cargos em negociação, que pela primeira vez será ocupado por uma mulher.
Única ministra a pertencer a todos os governos de Ângela Merkel desde que esta assumiu a chancelaria alemã em 2005, Von der Leyen teve o 'mérito' de desbloquear o impasse nas negociações sobre as nomeações dos cargos de topo europeus e de reunir um apoio que o socialista Frans Timmermans não conseguiu atingir.
O nome da política alemã terá agora de ser confirmado pelo Parlamento Europeu.
A outra mulher hoje apontada para um cargo de topo, Christine Lagarde, é actualmente directora do FMI quando Portugal pediu, em 2011, um resgate de 78 mil milhões de euros à 'troika', que incluiu ainda a Comissão Europeia e o BCE.
A primeira mulher a ocupar o cargo de presidente da Comissão Europeia nasceu em 08 de Outubro de 1958 em Bruxelas.
Úrsula Von der Leyen aderiu à CDU em 1990 e envolveu-se na política ativa seis anos depois, na Baixa Saxónia, onde exerceu vários cargos locais e estaduais até ser eleita, em 2004, para o comité de liderança do partido.
A nível federal, o seu primeiro cargo foi, em 2005, de ministra dos Assuntos Sociais no primeiro governo de Ângela Merkel e quatro anos depois foi eleita deputada mas foi reconduzida no cargo dos Assuntos Sociais.
Em 2010, foi eleita vice-presidente da CDU e foi vista durante muitos anos como a possível sucessora de Merkel.
A agora indicada presidente da Comissão Europeia -- tendo ainda que ser aprovada pelo Parlamento Europeu -- integrou o gabinete da chanceler pela primeira vez em 2005 como ministra dos Assuntos Sociais, tendo lutado pelo pagamento de licença parental aos pais que desejam usufruir desse direito.
Conseguiu também introduzir uma quota para mulheres nas administrações das empresas.
Em 2013 assumiu a pasta da Defesa.
Filha de um antigo funcionário europeu e depois primeiro-ministro da Baixa saxónia, é casada desde 1986 com Heiko von der Leyen, com quem tem sete filhos.
Licenciou-se em medicina em 1980, depois de ter desistido do curso de economia, e exerceu a especialidade de ginecologia.