De um extremo ao outro, nunca houve tantos partidos políticos a entrarem no Parlamento de uma só vez. Depois do PAN há quatro anos, agora é a vez do Chega, do Iniciativa Liberal e do Livre se estrearem num plenário que vai ter que ser rearrumado para encaixar todos os novos deputados. De sete as forças partidárias com assento parlamentar em 2015, a Assembleia da República conta agora 10 partidos, o que se explica, em parte, pela queda eleitoral do CDS e do PSD, por exemplo. Votos que migraram para a Iniciativa Liberal e para o Chega.
Outra das novidades, é a ascensão do PAN, que conseguiu eleger três novos rostos que vão fazer companhia a André Silva. Mesmo sem a contagem final fechada - ainda faltam os deputados da emigração -, dos 230 deputados, mais de 100 são estreantes.
Um número que se explica, em grande medida, pelas novidades apresentadas nas listas do PSD, que conta com 45 novos deputados. Entre eles, muitos jovens, na tal renovação anunciada por Rui Rio desde o primeiro dia em que tomou posse.
Destaque ainda para um parlamento que nunca viu tantas mulheres na sua composição. Em 2015, foram eleitas 76 deputadas. Em 2019, o número cresceu numa dezena, para 86. Ainda assim, se subtrairmos estas 86 deputadas aos 230, percebemos que os homens ainda dominam, com 144 assentos.
Inédito também a eleição das primeiras deputadas afrodescendentes: Joacine Katar Moreira, do Livre, Beatriz Gomes Dias, do Bloco de Esquerda, ambas eleitas pelo Círculo Eleitoral de Lisboa e Romualda Fernandes, do PS.
Votos do desagrado com resultado promissor
Se uma das propostas de Rui Rio estivesse em vigor e os votos brancos elegessem, o Parlamento ficaria, seguramente com algumas cadeiras vazias.
A verdade é que a soma dos votos brancos e nulos representam mais do que a votação no CDS-PP ou no PAN, por exemplo. Foram mais de 88 mil pessoas que mostraram o seu desagrado nos boletins e mais de 129 mil votaram em branco. Numa conta rápida, em conjunto, os nulos e brancos somam mais de 218 mil votos.
Em termos percentuais, os votos brancos representam 2,54% do total, mais do que os três novos partidos que elegeram um deputado. Já os nulos representam 1,74%.
Comparando com as legislativas de há quatro anos, para além da abstenção, o número absoluto de votos brancos e de votos nulos também aumentou.
As Sondagens acertaram
As projecções eleitorais dos meios de comunicação acertaram nos principais intervalos de votação, com apenas uma sondagem a dar a maioria absoluta do PS como possibilidade, o que acabou por não se verificar.
Todas as projecções emitidas davam a Iniciativa Liberal, o Livre e o Chega com a possibilidade de elegeram um ou mais deputados. Madrugada dentro, e o resultado confirmou-se. João Cotrim de Figueiredo, Joacine Katar Moreira e André Ventura fizeram a festa.
A sondagem da Pitagórica para a TSF/JN/TVI dava esta possibilidade desde o início da semana.