O Papa apelou neste dia de Natal, no Vaticano, a um cessar-fogo no Médio Oriente e na Ucrânia, falando numa situação humanitária “gravíssima”.
“Que as armas se calem no Médio Oriente: com os olhos postos no presépio de Belém, dirijo o meu pensamento para as comunidades cristãs de Israel e da Palestina, em particular à querida comunidade de Gaza, onde a situação humanitária é gravíssima. Que haja um cessar-fogo, libertem-se os reféns e ajude-se a população esgotada por causa da fome e da guerra”, declarou, na sua mensagem de Natal, antes da bênção ‘Urbi et Orbi’ (à cidade [de Roma] e ao mundo), desde a varanda da Basílica de São Pedro.
Na data em que a Igreja Católica celebra o nascimento de Jesus, em Belém, o Papa destacou o impacto da guerra em todo o Médio Oriente.
“Sinto-me próximo também da comunidade cristã no Líbano, especialmente a do sul, e da que se encontra na Síria, neste momento tão delicado. Abram-se as portas do diálogo e da paz em toda a região, dilacerada pelo conflito”, declarou.
“Quero ainda aqui recordar o povo líbio, encorajando-o a procurar soluções que permitam a reconciliação nacional”, acrescentou.
No início do Ano Jubilar, que se inaugurou na última noite com a abertura da Porta Santa, Francisco convidou todos a “ter a coragem de atravessar a porta, a tornar-se peregrinos da esperança, a calar as armas, a calar as armas e a superar as divisões”.
“Calem-se as armas na martirizada Ucrânia! Tenha-se a audácia de abrir a porta às negociações e aos gestos de diálogo e de encontro, para alcançar uma paz justa e duradoura”, pediu.
Francisco deixou votos de que surja um “tempo de esperança às famílias de milhares de crianças que estão a morrer devido a uma epidemia de sarampo na República Democrática do Congo, bem como às populações do leste do país”.
A intervenção evocou também as crises no Burquina Faso, Mali, Níger e Moçambique.
No país lusófono há registo de dezenas de mortes, esta semana, nas manifestações de contestação aos resultados das eleições gerais de 9 de outubro proclamados pelo Conselho Constitucional moçambicano.
Segundo o Papa, a crise humana em vários países do continente africano é “causada principalmente por conflitos armados e pelo flagelo do terrorismo, e é agravada pelos efeitos devastadores das alterações climáticas, que provocam a perda de vidas humanas e o deslocamento forçado de milhões de pessoas”.
Penso também nos povos dos países do Corno de África, para os quais imploro os dons da paz, da concórdia e da fraternidade. Que o Filho do Altíssimo sustente os esforços da comunidade internacional para facilitar o acesso da população civil do Sudão à ajuda humanitária e para suscitar novas negociações em vista de um cessar-fogo”.
Como fez ao longo de todo o ano, o Papa recordou a população do Mianmar, vítimas de “graves sofrimentos, devido aos contínuos confrontos armados, e são obrigados a fugir das próprias casas”.
A mensagem de Natal recordou também as situações de crise no continente americano, desejando que, “verdade e na justiça, se encontrem quanto antes soluções eficientes, para promover a harmonia social, especialmente no Haiti, na Venezuela, na Colômbia e na Nicarágua”.
Francisco espera que o Jubileu seja uma oportunidade para “derrubar todos os muros de separação”.
“Os ideológicos, que tantas vezes marcam a vida política, e os físicos, como a divisão que há cinquenta anos atinge a ilha do Chipre e que dilacerou o seu tecido humano e social”, observou.
Desejo que seja possível alcançar uma solução partilhada, que ponha termo à divisão, respeitando plenamente os direitos e a dignidade de todas as comunidades cipriotas”.
A bênção ‘Urbi et Orbi’ foi precedida pela execução dos hinos do Vaticano e da Itália, pelas bandas da Gendarmaria Pontifícia e dos Carabinieri, com as saudações militares da Guarda Suíça e das Forças Armadas italianas.
Na sua mensagem, o Papa evocou o início do Jubileu, dedicado à esperança, apelando ao perdão da dívida dos países pobres.
OC