O secretário-geral do PCP considerou hoje uma "fraude" as reuniões entre instituições internacionais e partidos sobre a ajuda externa a Portugal, afirmando que está em marcha uma "imposição" de condições de uma "troika mandante" a outra "obediente".
"O que está em curso é uma fraude, não são negociações nenhumas. É um simulacro, uma falsa negociação", disse Jerónimo de Sousa, frisando que a "troika" de representantes do Fundo Monetário Internacional (FMI), Comissão Europeia (CE) e Banco Central Europeu (BCE) só quer "a assinatura por baixo" de forças políticas e organizações sociais.
Segundo o líder dos comunistas, "o que está em marcha é um processo de efectiva imposição das condições por parte da 'troika' mandante do FMI, do BCE e da Comissão Europeia a uma 'troika' obediente PS, PSD e CDS-PP, para garantir os interesses dos mega bancos, do sistema financeiro, dos grandes fundos de investimento e dos especuladores".
Jerónimo de Sousa falava em Beja durante a apresentação dos candidatos da CDU pelo círculo de Beja às eleições legislativas do próximo dia 5 de Junho. "Ninguém tenha ilusões", avisou Jerónimo de Sousa, questionando: "Então não está já tudo decidido na Comissão Europeia? Não sabemos quais são as receitas do FMI? Qual é a política do BCE?".
O PCP "fez bem" em não aceitar participar nas reuniões com a "troika" e "em não abdicar da soberania de Portugal", disse Jerónimo de Sousa, referindo que a decisão de pedir ajuda externa, "tomada pelo governo do PS, com o apoio do PSD e do CDS-PP e com a bênção do Presidente da República", é "ilegítima e inaceitável".
"Ilegítima", porque foi "tomada por um governo de gestão, que sabe que está a condicionar a vida e a acção governativa dos próximos anos" e "inaceitável", porque "os portugueses são chamados a pronunciar-se sobre o rumo do país em breve".