Tanzânia condena três à morte por matar
albino para fazer feitiço.
Três
homens foram condenados à morte pela Justiça de Shinyanga, uma cidade do
noroeste da Tanzânia, por terem matado Matatizo Dunia, um albino de 13 anos que
teve as pernas cortadas e vendidas a praticantes de magia negra. Esta é a
primeira vez que a Tanzânia condena cidadãos por assassinar albinos.
Desde
dezembro de 2007, ao menos 53 albinos foram mortos no país e tiveram pedaços
dos corpos usados em feitiçaria. Os homicídios, conforme as autoridades, foram
motivados por crenças supersticiosas.
O
juiz Gabriel Rwakibalila leu as sentenças de Masumbuko Matata, Emmanuel
Masangwa e Charles Karamugi em menos de uma hora, após um julgamento que durou
52 dias, recorde na Tanzânia, país no qual o Judiciário é extremamente lento e
onde um processo costuma demorar anos para acabar.
De
acordo com testemunhas, na Tanzânia quem mata albinos consegue vender os órgãos
internos, extremidades e outras partes dos corpos por até 10 milhões de xelins
tanzanianos (quase R$ 14 milhões). Os compradores são feiticeiros, que utilizam
os restos humanos na elaboração de "poções mágicas".
Para
os bruxos da Tanzânia e de outros países do leste da África, as poções
preparadas com partes dos cadáveres de albinos - que não possuem pigmentação na
pele, nos olhos e no cabelo - trazem "sorte no amor, na vida e nos
negócios".
O
grupo de defesa dos direitos dos albinos, Sob o Mesmo Sol, do Canadá, comemorou
essa condenação, mas ressaltou ser somente um caso entre ao menos 53. "Há
outras 52 famílias esperando por Justiça", disse Peter Ash, fundador e
diretor do grupo, à agência de notícias Reuters, por telefone, de Londres. O
governo da Tanzânia já abriu investigações referentes a ao menos 15 casos de
assassinatos de albinos. Mais de 90 pessoas, incluindo quatro policiais, já
foram presas sob acusação de envolvimento nos crimes.