Central sindical sul-africana denuncia
corrupção enquanto presidente Jacob Zuma lamenta fosso entre ricos e pobres.
O
secretário-geral da central sindical sul-africana Cosatu criticou, na passada
quarta-feira (23), no 10º congresso da organização, os funcionários públicos
que se dedicam aos negócios e os políticos corruptos.
A
Cosatu - parceira da coligação com o ANC-Congresso Nacional Africanos e o
Partido Comunista - encerra nesta quinta-feira o seu 10º congresso com a
eleição do presidente, secretário-geral e restantes líderes e aprovação do
documento estratégico para os próximos cinco anos.
Na
apresentação do relatório político, Zwelinzima Vavi exortou os agentes da
administração pública a não misturarem negócios com a sua actividade pública.
Zwelinzima
Vavi apelou aos ministros do governo do presidente Jacob Zuma para devolverem
viaturas de luxo adquiridas recentemente e cuja compra provocou protestos em
todo o páis
O
ministro das Comunicações, Siphiwe Nyanda (um antigo comandante do braço armado
do ANC nos tempos da luta armada contra o "apartheid"), que um mês após tomar
posse adquiriu duas viaturas alemãs topo de gama orçadas em 200 mil euros para
se fazer transportar em Pretória e Cidade do Cabo e o ministro da Educação
Superior e secretário-geral do Partido Comunista, Blade Nzimande, que comprou
uma viatura semelhante logo a seguir, foram duramente criticados pela Cosatu.
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O
presidente da África do Sul, Jacob Zuma, disse, na segunda-feira passada (21),
na abertura do 10º congresso da central sindical Cosatu, ser urgente fechar o
fosso entre ricos e pobres.
Discursando
perante centenas de delegados sindicais de toda a África do Sul, o chefe do
Estado e do governo assegurou que a prioridade do seu executivo continua a ser
a criação de emprego com vista à melhoria das condições de vida da população,
noticia nesta terça-feira o jornal moçambicano Notícias.
A
central sindical Cosatu, que é parceira da coligação que venceu todas as
eleições sul-africanas desde 1994, juntamente com o Congresso Nacional Africano
e o Partido Comunista (SACP), discute nos próximos dias em Midrand, a norte de
Joanesburgo, a sua linha de acção num momento particularmente difícil em que os
mais pobres são negativamente afectados pela crise económica global.
O
estado da coligação e a eleição das suas estruturas dirigentes marcam igualmente
a ordem de trabalhos do 10º congresso, que foi oficialmente aberto com um
discurso do presidente da Cosatu, Sidumo Dlamini.
Zuma
dirigiu-se aos delegados dedicando especial atenção a recentes ataques verbais
de dirigentes sindicais à política económica do seu governo e em particular ao
ministro da Presidência responsável pela Comissão de Planeamento Económico,
Trevor Manuel, um fervoroso adepto da economia de mercado de génese
capitalista.
O
presidente assegurou aos congressistas que a Comissão de Planeamento Económico
continuará a conduzir a política económica do governo, apesar das críticas, e
que as suas prioridades se manterão inalteráveis com o objectivo de criar
empregos, mesmo durante a primeira recessão económica da África do Sul em 17
anos.
Zuma
criticou também as tentativas da Cosatu de impor um sindicato nas forças
armadas, voltando a criticar o comportamento dos soldados que recentemente
marcharam nas ruas de Pretória, provocando confrontos com a Polícia e
destruindo propriedades públicas e privadas.
Num
projecto de resolução apresentado ao Congresso da Cosatu, que afirma
representar 1,9 milhão de trabalhadores, pede-se ao governo que passe o Banco
da Reserva para controlo do executivo de forma a que as prioridades da política
monetária sejam adaptadas à sua própria visão (com maior ênfase no crescimento
em vez de no combate à inflação) e também que sejam revistas a leis que
regulamentam a acção afirmativa e o BEE (lei conhecida por "black empowerment",
que exige que 35 por cento do capital das empresas seja controlado por
sul-africanos de raça negra).
A
Cosatu admite que as leis, destinadas a reequilibrar a ordem económica e a
permitir a entrada de negros na economia real, depois de serem marginalizados
durante décadas de "apartheid", pouco contribuíram para o reforço do poder
económico, tendo, ao invés, criado uma poderosa e pequena elite negra ligada ao
partido no poder.