Contemplação como revolução

Contemplação como revolução

O arcebispo de Canterbury, Rowan Douglas Williams, primaz de toda a Inglaterra e da Comunhão anglicana, intervindo durante a quinta congregação geral dos bispos, observou que «o Concílio Vaticano II fez muito pela saúde da Igreja e contribuiu para levar a Igreja a retomar uma boa parte da energia necessária para proclamar com eficácia a Boa Nova de Jesus Cristo ao mundo de hoje. Para muitas pessoas da minha geração, também além dos confins da Igreja católica romana, aquele Concílio representou o sinal de uma grande promessa, um sinal de que a Igreja era suficientemente forte para se questionar de modo exigente sobre a adequação da própria cultura e das suas estruturas, em vista da tarefa de compartilhar o Evangelho com o espírito complexo, muitas vezes rebelde e sempre inquieto, do mundo moderno». Além disso, falando sobre o sentido da contemplação, recordou que «ser contemplativo como Cristo significa ser aberto a toda a plenitude que o Pai quer infundir nos nossos corações.

Com as nossas mentes tornadas silenciosas e prontas para receber, com as fantasias que nós geramos sobre Deus e sobre nós mesmos, reduzidas ao silêncio, finalmente alcançamos o ponto em que podemos começar a crescer. E o rosto que devemos mostrar ao nosso mundo é de uma humanidade em crescimento incessante rumo ao amor, uma humanidade tão encantada e comprometida pela glória daquilo para que tende, que estamos prontos par empreender uma viagem interminável, a fim de encontrar o caminho que nos leva mais profundamente ao coração da vida trinitária». E continuou: «A contemplação está muito longe de ser simplesmente algo que os cristãos realizam: é a chave da oração, da liturgia, da arte e da ética, a chave da essência da humanidade renovada, que é capaz de ver o mundo e outros sujeitos no mundo com liberdade (liberdade dos hábitos centrados em si, ávidas e com uma compreensão deturpada que dela deriva). Para dizer claramente, a contemplação representa a única resposta definitiva ao mundo irreal e insensato, que os nossos sistemas financeiros, a nossa cultura publicitária e as nossas emoções caóticas e incontroladas, nos encorajam a permear. Aprender a prática contemplativa significa aprender aquilo de que precisamos para viver fiel, honesta e amorosamente. Trata-se de um dado profundamente revolucionário».

LR