Bento XVI afirmou hoje no Vaticano que os progressos da ciência e da tecnologia são insuficientes para a felicidade das pessoas e que só a fé permite que o homem seja “mais livre, mais humano”.
“O mundo da planificação, do cálculo exato e da experimentação, numa palavra o saber da ciência, apesar de ser importante para a vida humana, não basta, só por si”, disse o Papa, na audiência pública semanal que decorreu na Praça de São Pedro, perante milhares de pessoas.
Prosseguindo o ciclo de catequeses dedicadas ao Ano da Fé (outubro de 2012-novembro de 2013), Bento XVI declarou que existem “questões insistentes” que levam cada um a desejar mais do que “o pão material”.
“Temos necessidade de amor, de significado e de esperança, de um fundamento seguro, de um terreno sólido que nos ajude a viver com um sentido autêntico também nas crises, na escuridão, nas dificuldades e nos problemas quotidianos”, precisou.
Segundo o Papa, a fé oferece “transforma a vida, tornando-a rica de significado e esperança segura”, apesar de todos os dias “muitos permanecerem indiferentes ou se recusarem a acolher este anúncio”.
“Um certo tipo de cultura educou-nos para nos movermos apenas no horizonte das coisas, do factível, a acreditar apenas no que se vê e se toca com as próprias mãos”, lamentou.
Bento XVI diz que, por causa disso, “aumenta o número dos que se sentem desorientados e, na tentativa de ir para lá de uma visão meramente horizontal da realidade, estão dispostos a acreditar em tudo e no seu contrário”.
O Papa lamentou a persistência de “formas de exploração, manipulação, de violência, de opressão, de injustiça” e falou no crescimento de “um certo deserto espiritual”.
“Por vezes, tem-se a sensação, perante certos acontecimentos de que tomamos conhecimento todos os dias, de que o mundo não vai na direção da construção de uma comunidade mais fraterna e mais pacífica”, indicou.
Bento XVI falou do “sentido da fé” neste contexto, marcado pelo avanço da “ciência e da técnica” mas também por “sombras”.
“O nosso tempo exige cristãos fascinados por Cristo, que não se cansem de crescer na fé, por meio da familiaridade com a Sagrada Escritura e os sacramentos”, disse, em português.
Para o Papa, a fé não é só “conhecimento e adesão a algumas verdades divinas”, por implicar “um ato da vontade” de entrega livre a Deus.
“Crer é confiar-se, com toda a liberdade e com alegria, ao desígnio providencial de Deus sobre a história, como fez Maria de Nazaré”, precisou.
Em conclusão, Bento XVI deixou uma saudação aos peregrinos de língua portuguesa presentes no Vaticano: “O Senhor vos encha de alegria e o seu Espírito ilumine as decisões da vossa vida para realizardes fielmente o projeto de Deus a vosso respeito”.
O Ano da Fé foi convocado pelo Papa no âmbito do 50.º aniversário da abertura do Concilio Vaticano II (1962-1965) e do 20.º aniversário da publicação do Catecismo da Igreja Católica.
OC