A comunidade católica da Sagrada Família, na Faixa de Gaza, espera que a celebração do Natal marque o início de uma era de esperança para todas as pessoas atingidas pelo conflito entre israelitas e palestinos.
Em declarações partilhadas pelo site do Patriarcado Latino de Jerusalém (PLJ), uma “mãe de família” realça que a paróquia começa a “retomar o seu ritmo” depois de “um período muito duro” de morte e destruição.
“A árvore de Natal, o presépio e o nascimento de um quinto filho para breve” na sua família “mostram que a vida está ali”, salienta.
A pequena localidade da Sagrada Família, com 185 habitantes, está inserida num universo com cerca de um milhão e seiscentas mil pessoas, confinadas a uma faixa de terra com 360 km2.
O número de cristãos naquele território palestino, “maioritariamente ortodoxos”, tem vindo a decrescer desde o estalar da guerra em 2008 e passou de 3000 para pouco mais de 1500.
Pouco depois da negociação de um período de trégua entre as forças militares de Israel e da Palestina, a comunidade católica da Sagrada Família começou a trabalhar para ajudar as pessoas, sobretudo os mais novos, a lidarem com o drama social e humano que estão a atravessar.
“Para as crianças pequenas, tais acontecimentos são traumatizantes pois afetam o sentimento de segurança. Eles não compreendem o que acontece e sentem-se desprotegidos, mas tornar a dar a uma criança o sentimento de segurança é um processo que demora muito tempo”, sublinha a irmã Davida, diretora da escola católica das Irmãs do Rosário.
Apoiada também pelo Instituto do Verbo Incarnado e pelas irmãs missionárias da Caridade de Madre Teresa de Calcutá, a paróquia da Sagrada Família faz dos momentos de oração e de festa, como o Natal, uma forma de suavizar uma conjuntura difícil, marcada também pelo bloqueio comercial e económico imposto por Israel e Egipto.
Neste âmbito, a Cáritas Internacional colocou em marcha uma campanha de recolha de fundos para ajudar as famílias mais vulneráveis do território palestino, sobretudo devido à instabilidade financeira e à falta de acesso a cuidados de saúde.
A organização católica pretende reunir cerca de 1,6 milhões de euros e, através do seu secretário-geral, Michael Roy, desafia os países ocidentais a contribuírem nesta quadra natalícia para “uma nova era de paz, depois de tantos anos de sofrimento”.
“Gaza fica bem perto de Belém, o local onde nasceu o Senhor. Que isto inspire as pessoas a terem aquela população nos seus pensamentos, orações e ações”, salienta aquele responsável.
No dia 24 de dezembro, a comunidade da Sagrada Família vai festejar o nascimento de Cristo à volta de um presépio vivo, numa iniciativa que contará com a presença do bispo auxiliar de Jerusalém, monsenhor William Shomali.
Segundo o padre Jorge Hernandez, responsável pela paróquia, “muitos não-católicos virão também alegrar-se da vinda à Terra do Príncipe da Paz”.
O sacerdote faz votos de “que o Salvador derrame a sua paz sobre o povo de Gaza e sobretudo sobre os dirigentes da região. E que dê também a todos a força para continuarem a avançar”.
AE