Bento XVI apelou hoje à paz na Síria e outras regiões do mundo afetadas por conflitos, na sua tradicional mensagem de Natal, em que se referiu ainda à chamada ‘primavera árabe’ e à China.
“Que a paz germine para o povo da Síria, profundamente ferido e dividido por um conflito que não poupa sequer os indefesos, ceifando vítimas inocentes”, pediu o Papa, desde o balcão central da Praça de São Pedro.
A intervenção renovou o apelo para que “cesse o derramamento de sangue, se facilite o socorro aos refugiados e deslocados e se procure, através do diálogo, uma solução para o conflito” que se arrasta em território sírio há mais de 20 meses.
À imagem do que fizera na noite de Natal, o Papa rezou para que israelitas e palestinos tenham “a coragem de pôr termo a tantos, demasiados, anos de lutas e divisões e empreender, com decisão, o caminho das negociações”.
Bento XVI evocou a fase de “profunda transição” nos países do norte de África, à procura de um “novo futuro”, nomeadamente o Egito, pedindo que “os cidadãos construam, juntos, sociedades baseadas na justiça, no respeito da liberdade e da dignidade de cada pessoa”.
O Papa lembrou ainda o “vasto continente asiático”, deixando uma saudação aos “novos dirigentes da República Popular da China, pela alta tarefa que os aguarda”.
“Espero que, no desempenho da mesma, se valorize o contributo das religiões, no respeito de cada uma delas, de modo que as mesmas possam contribuir para a construção duma sociedade solidária, para beneficio daquele nobre povo e do mundo inteiro”, declarou.
Bento XVI pediu que “o Natal de Cristo favoreça o retorno da paz ao Mali e da concórdia à Nigéria, onde horrendos atentados terroristas continuam a ceifar vítimas, nomeadamente entre os cristãos”.
Também em África, o Papa apelou ao “auxílio e conforto” para os refugiados do leste da República Democrática do Congo à paz no Quénia, “onde sangrentos atentados se abateram sobre a população civil e os lugares de culto”.
Em relação à América Latina, Bento XVI recordou os que se veem obrigados a emigrar para longe da própria família e da sua terra e pediu coragem aos governantes “no seu empenho pelo desenvolvimento e na luta contra a criminalidade”.
Após a mensagem e a bênção 'urbi et orbi [à cidade (de Roma) e ao mundo], que dirige hoje e no dia de Páscoa, Bento XVI deixou as suas felicitações natalícias em 65 línguas, incluindo o português.
“Feliz Natal para todos! O nascimento do Menino Jesus ilumine de alegria e paz vossos lares e nações”, disse.
A catequese inicial do Papa abordou o “poder” da fé, frisando que no Natal se celebra o momento em que Deus “fez o impossível: fez-se carne”.
“A sua amorosa omnipotência realizou algo que ultrapassa a compreensão humana: o Infinito tornou-se menino, entrou na humanidade. E, no entanto, este mesmo Deus não pode entrar no meu coração, se não lhe abrir a porta”, observou.
Segundo Bento XVI, há no mundo “uma esperança fidedigna, mesmo nos momentos e situações mais difíceis” porque “a verdade germinou, trazendo amor, justiça e paz”.
“Amor e verdade, justiça e paz encontraram-se, encarnaram no homem nascido de Maria, em Belém. Aquele homem é o Filho de Deus, é Deus que apareceu na história. O seu nascimento é um rebento de vida nova para toda a humanidade”, concluiu.