Bento XVI alertou para a falta de “espaço” para Deus na vida pessoal e da sociedade, considerando que esta atitude tem como consequência o individualismo.
“Estamos completamente ‘cheios’ de nós mesmos, de tal modo que não resta qualquer espaço para Deus. E por isso não há espaço sequer para os outros, para as crianças, para os pobres, para os estrangeiros”, disse o Papa na homilia da missa do galo a que presidiu na Basílica de São Pedro.
A intervenção sublinhou “a grande questão moral” relativa ao comportamento de cada um face aos mais desprotegidos
“Peçamos para que se crie, no nosso íntimo, um espaço para Ele [Deus] e possamos, deste modo, reconhecê-lo também naqueles sob cujas vestes vem ter connosco: nas crianças, nos doentes e abandonados, nos marginalizados e pobres deste mundo”, referiu Bento XVI.
O Papa lamentou que numa humanidade em que se multiplicam os meios de deslocação e tudo o que permite “poupar” tempo, haja cada vez menos tempo disponível para as pessoas e para a relação com o divino.
“Hoje, Deus não faz parte das realidades urgentes. As coisas de Deus – assim o pensamos e dizemos – podem esperar”, declarou.
“Deus tem verdadeiramente um lugar no nosso pensamento? A metodologia do nosso pensamento está configurada de modo que, no fundo, Ele não deva existir”, lamentou ainda, criticando os que querem que a ‘hipótese Deus’ se torne “supérflua”.
Em vésperas de Natal, Bento XVI recordou o canto dos anjos, relatado pelos evangelhos, e convidou todos à alegria, porque “existe a verdade; existe a pura bondade; existe a luz pura”.
“Deus é bom; Ele é o poder supremo que está acima de todos os poderes. Nesta noite, deveremos simplesmente alegrar-nos por este facto, juntamente com os anjos e os pastores”, acrescentou.
OC