Bento XVI alertou hoje no Vaticano para a intolerância de algumas correntes agnósticas, que retiram espaço à fé, e disse que os crentes têm de ir para lá das “opiniões dominantes”.
“O agnosticismo, hoje largamente imperante, tem os seus dogmas e é extremamente intolerante com tudo o que o põe em questão, ou põe em questão os seus critérios”, afirmou o Papa, na homilia da missa da solenidade litúrgica da Epifania, conhecida popularmente como dia de Reis, na Basílica de São Pedro.
Aludindo às figuras dos Magos do Oriente, Bento XVI disse que estes eram homens que “tinham a coragem e a humildade da fé”.
“Era preciso coragem a fim de acolher o sinal da estrela como uma ordem para partir, para sair rumo ao desconhecido, ao incerto, por caminhos onde havia inúmeros perigos à espreita”, assinalou.
Bento XVI disse que as figuras dos Magos do Oriente guiados pela estrela no caminho para o presépio de Belém, segundo os evangelhos, “são apenas o princípio duma grande procissão que permeia a história”.
“Os homens vindos do Oriente personificam o mundo dos povos, a Igreja dos gentios: os homens que, ao longo de todos os séculos, se encaminham para o Menino de Belém, nele honram o Filho de Deus e se prostram diante dele”, precisou.
Neste contexto, o Papa declarou que “a humildade da fé, do crer juntamente com a fé da Igreja de todos os tempos, vai encontrar-se, vezes sem conta, em conflito com a inteligência dominante daqueles que se atêm àquilo que aparentemente é seguro”.
“Naturalmente queremos, como os Apóstolos, convencer as pessoas e, neste sentido, obter a sua aprovação; naturalmente não provocamos, antes, pelo contrário, convidamos todos a entrarem na alegria da verdade que indica a estrada”, frisou.
Segundo Bento XVI, os cristãos devem seguir o exemplo dos Magos, como “homens inquietos movidos pela busca de Deus e da salvação do mundo”, que não se contentam com “rendimentos assegurados e com uma posição social provavelmente considerável”.
“A sua peregrinação exterior era expressão deste estar interiormente a caminho, da peregrinação interior do seu coração. Eram homens que buscavam Deus e, em última instância, caminhavam para Ele; eram indagadores de Deus”, sublinhou.
Durante a celebração, Bento XVI ordenou quatro novos bispos, incluindo o seu secretário particular, D. Georg Gaenswein, novo prefeito da Casa Pontifícia; D. Angelo Vincenzo Zani, secretário da Congregação para a Educação Católica, D. Fortunatus Nwachukwu, núncio apostólico na Nicarágua e D. Nicolas Henry Marie Denis Thevenin, núncio apostólico na Guatemala foram os outros prelados ordenados.
Segundo o Papa, há uma ligação entre estas ordenações e o tema da “peregrinação dos povos para Jesus Cristo”: “O bispo tem a missão não apenas de se incorporar nesta peregrinação juntamente com os demais, mas de ir à frente e indicar a estrada”.
“Um bispo deve ser um homem que tem a peito os outros homens, que se deixa tocar pelas vicissitudes humanas”, observou.
O Papa falou do significado deste dia, a “«Epifania» – a manifestação do Divino”, frisando que “homens de todas as proveniências, de todos os continentes, das mais diversas culturas e das diferentes formas de pensamento e de vida se puseram, e estão, a caminho de Cristo”.
A celebração contou com o tradicional anúncio da data da Páscoa, que este ano vai assinalar-se a 31 de março.