Quase um milhão de franceses nas estradas em Paris contra o projecto de lei sobre o matrimónio entre homossexuais: «Nunca tinha visto uma manifestação tão grande» declarou o líder sindicalista Joseph Thouvenel. Uma maré encheu as estradas: uma multidão imensa – vinda de todo o país com centenas de autocarros, dezenas de comboios especiais e graças ao covoiturage (ou seja, o uso em comum de automóveis privados) – reuniu-se para defender a família e a filiação contra o projecto de lei desejado pelo presidente François Hollande e depositado pela ministra da Justiça, Christine Taubira.
Na opinião de Jérôme Fourquet, analista do instituto de sondagens Ifop, é possível falar de sucesso para os organizadores desta mobilização: sucesso pelo número de pessoas que aderiram a ela, mas sucesso também devido à sua gestão.
Com efeito, a manifestação gigantesca foi realizada sem o mínimo incidente, num clima de pacífica alegria que impressionou as mídia. «Existe uma França que respondeu “presente” a esta chamada, constatou Fourquet: uma França à imagem da diversidade hodierna, porque muitos muçulmanos se uniram aos cristãos, aos judeus e aos não-crentes. Algumas mesquitas alugaram automóveis para levar os fiéis à manifestação. Encorajados por este sucesso de massa, as associações organizadoras lançaram um apelo ao presidente da República: «O povo pede-lhe hoje para convocar os estados gerais para a família, o matrimónio, a filiação e os direitos da criança e, com um gesto de reconciliação nacional, de receber no Eliseu a partir de amanhã quantos os franceses enviarem pacificamente à vossa presença»
No que diz respeito à Igreja na França, que encorajou e apoiou a mobilização, os meios de comunicação relevaram nela uma surpreendente capacidade de mobilização: «O seu discurso e a sua acção propõem um conjunto de ponto de referência sobre os quais reflectir» sublinhou «Le Monde» de 12 de Janeiro. E a confirmação chegou já no dia seguinte, adquirindo a forma de uma grande manifestação.