O desejo de «ver o rosto de Deus» pertence à natureza de cada homem, até de quem não crê, afirmou o Sumo Pontífice durante a audiência geral realizada na manhã de quarta-feira 16 de Janeiro, na sala Paulo VI.
Marc Chagall, «Moisés e a sarça ardente» (1966)Dando continuidade às suas reflexões semanais sobre o Ano da fé, Bento XVI falou sobre a revelação de Deus que em Jesus «alcança o seu ápice, a sua plenitude». Com efeito, a Encarnação exprime «a novidade do Novo Testamento, aquela novidade que apareceu na gruta de Belém: é possível ver Deus, Ele manifestou o seu rosto, tornou-se visível em Jesus Cristo».
Enquanto no Antigo Testamento a ênfase é dada sobretudo à necessidade de não reduzir Deus a «um objecto» nem a uma simples «imagem que tomamos nas mãos» – a tal ponto que ao próprio Moisés o seu rosto permaneceu escondido – com a Encarnação «a busca do rosto de Deus passa por uma transformação inimaginável, porque agora este rosto é visível: é o de Jesus, do Filho de Deus que se faz homem». Portanto, Cristo – explicou o Papa – «mostra-nos o rosto de Deus e leva-nos a conhecer o nome de Deus», indicando-o como «Aquele que está presente no meio dos homens». Assim, Ele «inaugura de um modo novo a presença de Deus na história, pois quem o vê, vê o Pai»: uma realidade, que a tradição patrística e medieval resume de maneira eficaz na definição de Jesus como Verbum abbreviatum, «o Verbo abreviado, a Palavra breve, abreviada e substancial do Pai, que nos disse tudo acerca dele».
Por conseguinte, o desejo de ver o rosto de Deus realiza-se «seguindo Cristo» e aprendendo a reconhecê-lo «no pobre, no frágil, no sofredor». Isto só é possível – concluiu o Pontífice – «se o rosto verdadeiro de Jesus se tornou familiar para nós na escuta da sua Palavra».