Villa 21 é um dos bairros mais pobres de Buenos Aires. Aqui o «padre» Bergoglio vinha para trazer ajuda aos jovens toxicodependentes. Aqui, o cardeal arcebispo, com um grupo de sacerdotes, organizava actividades de emergência para a luta ao uso e à venda de droga e para a recuperação dos jovens. Na Villa 21 a droga chegou em quantidades enormes sobretudo a partir dos primeiros anos 2000, ou seja, na época da grave crise económica. Porque a pobreza está inseparavelmente ligada à difusão da droga que é vista como um paliativo, como uma via de fuga de um destino desfavorável.
«Neste bairro a droga não é só tolerada», diz o padre Olivero, que gere um dos centros de recuperação e que encontramos nas proximidades de um distribuidor de gasolina. «Não há polícia que intercepte o tráfico e o consumo por parte dos jovens adolescentes e pré-adolescentes».
Estamos à distância de algumas centenas de metros da paróquia e o padre Olivero olha em sua volta com a testa enrugada e um tom grave: «O problema é que para muitas pessoas é conveniente ter um bairro que se apresenta como uma espécie de zona cinzenta em relação à aplicação e ao respeito da lei. Sobretudo os traficantes de droga. Mas também os traficantes de armas». Com efeito, o comércio de armas é outra chaga desta zona, onde é elevado o número dos homicídios.
A Igreja, ressalta ainda o padre Olivero, é o único ponto de referência. «Entretanto àqueles jovens que perderam qualquer esperança e que não se sentem aceites pela sociedade nós, a primeira coisa que dizemos, é que para Jesus todas as pessoas são sagradas. Cada pessoa tem uma dignidade que é igual à de qualquer outra. Cada vida é uma riqueza. Estes jovens devem reencontrar a força de viver. O que fazemos é trabalhar para a reinserção desta juventude num corpo social sadio».
A sociedade moderna habituou-nos a resolver tudo com os remédios. «Temos pílulas para tudo, mas não há uma verdadeira educação que dê aos jovens os instrumentos para prevenir as situações de crise. Existem soluções alternativas, a longo prazo. Existem, e são soluções gratuitas, ao alcance de todos, ainda melhor se forem introduzidas através da mediação de alguém que disposto a estar ao teu lado e que te saiba orientar da maneira justa. A esperança – conclui o sacerdote – é o remédio mais forte, também face à droga. Não custa nada e encontra-se em toda a parte. Será por isto que hoje causa tanto medo falar de fé?».