A paz não tem preço

A paz não tem preço

A paz não se compra nem se vende: é um dom de Deus. E devemos pedí-lo, recordou o Papa Francisco na manhã de quinta-feira, 4 de Abril, falando sobre o «enlevo» manifestado pelos discípulos de Emaús perante os milagres de Jesus. A ocasião foi o comentário ao trecho evangélico de Lucas (24, 35-48), proclamado na habitual liturgia da missa matutina na capela da Domus Sanctae Marthae, na presença de alguns funcionários do Vaticano, esta manhã cerca de cinquenta responsáveis e empregados da Tipografia Vaticana.

«Os discípulos que são testemunhas da cura do aleijado e agora vêem Jesus – afirmou o Pontífice – estão um pouco fora de si, mas não devido a uma doença mental: estão cheios de admiração». Mas em que consiste este enlevo? «É algo – disse o Santo Padre – que nos leva a estar um pouco fora de nós mesmos, cheios de alegria: é algo grande, deveras grande. Não é um mero entusiasmo: inclusive os fãs no estádio ficam entusiastas quando vence o seu clube, não é assim? Não, não é um entusiasmo, é algo mais profundo: é a admiração que sentimos quando nos encontramos com Jesus».

Esta admiração, explicou o Pontífice, é o início «da condição habitual do cristão». Certamente, fez notar, não podemos viver sempre no enlevo, mas esta condição é a premissa que permite deixar «o sinal na alma, a consolação espiritual». Com efeito, a condição do cristão deve ser a consolação espiritual, não obstante os problemas, as dores e as doenças. «A última etapa da consolação – acrescentou o Papa – é a paz: começa-se com o enlevo, e o tom menor deste enlevo, desta consolação, é a paz». Mesmo enfrentando as provações mais dolorosas, o cristão nunca perde «a paz e a presença de Jesus» e com «um pouco de coragem, podemos dizer: “Senhor, concedei-me esta graça, que é o sinal do encontro convosco: a consolação espiritual”». E sobretudo, frisou, «nunca perder a paz». Olhemos para o Senhor, que «sofreu muito na Cruz, mas sem perder a paz. A paz não é nossa: não se vende nem se compra». É um dom de Deus que devemos pedir. A paz é como «a última etapa desta consolação espiritual, que se inicia com o enlevo da alegria». Por esta razão, não devemos deixar-nos «enganar pelas nossas, nem pelas numerosas outras fantasias, que nos levam a acreditar que estas fantasias são reais». Com efeito, é mais cristão «crer que a realidade não pode ser tão bonita». O Papa concluiu, pedindo a graça da consolação espiritual e da paz, que «começa com este enlevo de alegria do encontro com Jesus Cristo».

Juntamente com o Pontífice concelebraram, entre outros, os salesianos Sergio Pellini, director-geral da Tipografia Vaticana Editora L'Osservatore Romano, e Marek Kaczmarczyk, director comercial. Estavam também presentes o director técnico, Domenico Nguyen Duc Nam; além de Antonio Maggiotto e Giuseppe Canesso.