O Dia de jejum e oração pela paz na Síria, no Oriente Médio e no mundo inteiro tem a participação também do Papa emérito Bento XVI, unindo-se em oração com toda a Igreja. Dezenas de organizações religiosas e leigas aderiram à Vigília desta noite na Praça São Pedro, onde, por vontade do Papa, ao menos 50 sacerdotes dispensarão o Sacramento da Confissão.
Com a chegada do Pontífice às 19h, o canto do Veni Creator (Vinde, Espírito Criador), a recitação do Terço diante do ícone mariano da Salus populi Romani (Protetora do povo Romano), a reflexão do Santo Padre e a adoração eucarística.
Mas como se está vivendo na Síria este Dia de oração e jejum fortemente querido pelo Papa? Foi o que a Rádio Vaticano perguntou ao núncio apostólico no país do Oriente Médio, Dom Mario Zenari. Eis o que disse:
Dom Mario Zenari:- "Há um grande sentimento de reconhecimento de minha parte e de todos os sírios cristãos, católicos e muçulmanos, que acolheram todos muito favoravelmente essa iniciativa de oração e de jejum pela paz na Síria e no mundo. Todos se unem a esse convite do Santo Padre a formar essa corrente de compromisso, de solidariedade em favor da paz."
RV: Este Dia de oração e jejum constitui um momento em que as várias expressões da sociedade mundial são chamadas a dialogar...
Dom Mario Zenari:- "Diria que sim. É preciso retomar a 'arma' do diálogo, é a que dá mais resultados. Embora muitas vezes trave e seja necessário percorrer caminhos muito tortuosos, muito penosos..."
RV: Mesmo que as notícias que chegam tanto da Síria como da diplomacia internacional não pareçam ser positivas, um dia como este pode fazer renascer a esperança de paz, sobretudo no povo sírio?
Dom Mario Zenari:- "Diria que sim. Esse encorajamento e esse sentimento de solidariedade mundial são perceptíveis. Diria que quase se respira, embora, infelizmente, enquanto estou falando, com um ouvido ouço a voz de vocês, e com o outro – como todos os dias – ouço o ribombar da artilharia. Porém, certamente este dia e essa iniciativa do Santo Padre foi muito oportuna. Gostaria de acrescentar que foi muito oportuno ter unido a oração ao jejum. O Jejum, tanto na tradição cristã quanto na muçulmana, é visto como um grande valor e é, portanto, algo que nos une. Ademais, não podemos nos esquecer que há dois anos milhões de pessoas vivem um jejum forçado. Basta pensar que a fome se sente também aqui perto de nós, porque não há trabalho, portanto não há salário, os preços dos géneros de primeira necessidade, inclusive elementares, subiram enormemente... Também as crianças se encontram nesse jejum forçado. Portanto, diria que o jejum que nós fazemos voluntariamente durante um dia nos faz crer solidários com toda essa gente, inclusive com as crianças que há meses e meses vivem um jejum forçado."