O Papa Francisco apelou hoje no Vaticano a um compromisso global na luta contra a violência e as injustiças sociais, assinalando o Dia Mundial da Paz, dedicado ao tema ‘Fraternidade, fundamento e caminho para a paz’.
“Somos chamados a aperceber-nos das violências e das injustiças presentes em tantas partes do mundo e que não nos podem deixar indiferentes e imóveis: há necessidade do compromisso de todos para construir uma sociedade verdadeiramente mais justa e solidária”, disse, perante dezenas de milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro para a recitação do ângelus.
Francisco, que escreveu uma mensagem para este dia da paz, convidou todos a trabalhar para que “o mundo se transforme numa comunidade de irmãos que se respeitam, que se aceitam na sua diversidade e tomam conta uns dos outros”.
“Que a coragem do diálogo e da reconciliação prevaleça sobre as tentações de vingança, de prepotência, de corrupção”, apelou.
O Papa falou de uma carta que recebeu no último dia de 2013, na qual alguém lhe relatava uma “tragédia” familiar e manifestava, depois, o seu espanto perante as “tragédias” e as guerras que continuam a atingir o mundo.
“É preciso parar neste caminho de violência e procurar a paz”, disse.
“O que é se passa no coração do homem, o que se passa no coração da humanidade? É hora de parar”, acrescentou Francisco.
O Papa frisou que a justiça e paz começam “em casa” e exigem a “mansidão, a força não-violenta da verdade e do amor”.
No dia em que a Igreja celebra a solenidade litúrgica de Santa Maria, Mãe de Deus, Francisco confiou-lhe “o grito de paz das populações oprimidas pela guerra e pela violência”.
“A Ela pedimos que o Evangelho da fraternidade, anunciado e testemunhado pela Igreja, possa falar a todas as consciências e derrubar os muros que impedem os inimigos de se reconhecerem como irmãos”, declarou.
Francisco deixou também votos de “paz e bem” no começo de 2014, precisando que este desejo “não está ligado ao sentido um pouco mágico e algo fatalista de um novo ciclo que se inicia”.
“Nós sabemos que a história tem um centro, Jesus Cristo, incarnado, morto e ressuscitado; tem um fim: o Reino de Deus, reino de paz, de justiça, de liberdade no amor; e tem uma força que a move para este fim: o Espírito Santo”, sublinhou.
Após a recitação da oração do ângelus, o Papa cumprimentou os vários grupos presentes, incluindo os “cantores da estrela” – Sternsinger –, as crianças vindas da Alemanha e da Áustria que vão de porta em porta recolher ofertas e levar a “bênção de Jesus”.
Francisco agradeceu ainda ao presidente da Itália, Giorgio Napolitano, que o saudou na sua mensagem à nação no final de 2013.
“A todos desejos um ano de paz na graça do Senhor e com a proteção materna de Maria”, concluiu, desejando aos presentes um “bom domingo, bom início de ano e bom almoço”.