O Papa Francisco apelou a um maior cuidado na formação de novos religiosos e elogiou o esforço de Bento XVI no combate aos casos de abusos sexuais, revela hoje a revista jesuíta ‘La Civiltà Cattolica’, publicada na Itália.
“Se um jovem foi convidado a sair de um instituto religioso por causa de problemas de formação e motivos sérios, mas depois é aceite num seminário, isso é um grande problema”, alertou, citado na edição especial que recorda o encontro entre o Papa e a União dos Superiores Gerais dos institutos religiosos da Igreja Católica.
A audiência a cerca de 120 responsáveis decorreu a 29 de novembro, aconteceu no final da 82ª assembleia geral da União dos Superiores Gerais (USG), no Vaticano.
Francisco considera que o caminho seguido por Bento XVI face aos casos de abusos deve “servir de exemplo para ter a coragem de assumir a formação pessoal como um desafio sério, tendo sempre em mente o Povo de Deus”.
“Não devemos formar administradores, gestores, mas pais, irmãos, companheiros de caminho”, observou.
O Papa pediu que os religiosos formem “o coração” e estejam atentos à linguagem dos jovens de hoje, “numa mudança de época”.
“Caso contrário, formamos pequenos monstros e depois esses monstrinhos formam o Povo de Deus. Isso deixa-me em pele de galinha”, disse.
O artigo de 15 páginas é assinado e comentado pelo padre Antonio Spadaro, jesuíta que em agosto de 2013 conduziu uma entrevista a Francisco, publicada pelas várias revistas da Companhia de Jesus, e que acompanhou a audiência concedida pelo Papa à USG.
Francisco passa em revista os desafios que se colocam hoje à Vida Consagrada e à Igreja Católica, no seu todo.
O encontro durou três horas, com perguntas e respostas, e o Papa anunciou então que vai dedicar o ano de 2015 à Vida Consagrada.
“A Igreja deve ser atraente. Acordai o mundo! Sejam testemunhas de um diferente de fazer, de agir, de viver”, disse o Papa.
Francisco pediu que a vida religiosa não seja vista como um “refúgio e consolação perante um mundo exterior difícil e complexo”.
O Papa falou da hipocrisia como um dos “males mais terríveis” na Igreja e defende que os problemas se resolvem com “diálogo” e não “proibindo isto ou aquilo”.