O padre brasileiro Raimundo Rocha é missionário comboniano no Sudão do Sul há 4 anos, mas desde que a guerra civil começou teve de suspender a missão em Leer e por isso apela à oração de todos pelo fim deste conflito.
“Neste momento a situação está estável na capital, Juba, mas na zona da nossa missão há bastante insegurança e conflitos, desde janeiro que começaram a chegar a Leer muitos militares rebeldes e a nossa comunidade num primeiro momento resolveu ficar na missão para mostrar solidariedade e esperança para com este povo assustado e oprimido pela guerra”, conta o padre Raimundo Rocha em declarações à Agência ECCLESIA.
O país mais novo do mundo vive uma guerra civil desde dezembro de 2013 e os conflitos afetam principalmente a zona da missão dos combonianos em Leer, na região de Nóe.
O padre Raimundo Rocha conta que no final do mês de janeiro vários grupos rebeldes os visitaram “querendo levar os carros da missão” e foi aí que resolveram partir para o mato junto com o resto da população onde ficaram “durante 18 dias”, tempo durante o qual “a missão e as estruturas foram todas saqueadas, não sobrando nada”.
Os 5 missionários foram posteriormente evacuados pela ONU mas o padre Raimundo Rocha, agora em Juba “a dar assistência espiritual a mais de 27 mil pessoas ali refugiadas”, lembra que neste momento "milhares de pessoas vivem no meio do mato sem comida nem condições e com o medo dos conflitos".
A missão em Leer “está agora suspensa pela insegurança” mas também pelo facto de toda a estrutura material “ter sido saqueada, não havendo forma de reiniciar os trabalhos”, mas os missionários “estão com muita vontade de voltar para junto da população de Leer”, sublinha o sacerdote.
Os 5 missionários desta missão, entre eles o padre Raimundo Rocha, estavam em Leer onde tinham um centro catequético pastoral que “fazia um trabalho de evangelização muito importante” nomeadamente em “questões de justiça e paz e promoção dos direitos humanos”.
Agora para ajudar à recuperação desta missão e para apoiar os refugiados que perderam todos os seus bens devido à guerra civil foi criado um fundo de emergência e solidariedade ao qual têm chegado algumas ajudas, entre elas a renúncia quaresmal da Diocese de Lamego que este ano reverte a favor desta causa.
“Ficamos muito contente pelo facto de saber que a renúncia quaresmal de algumas dioceses se dirigem à ajuda do povo do Sudão do Sul”, sublinha o padre Raimundo Rocha que avança ainda que estas doações vão servir para comprar "bens alimentares, roupas e medicamentos além de reverter também para o apoio educativo das crianças que estão neste momento nos campos de refugiados”.
O missionário comboniano apela para que todos rezem pela resolução do conflito no Sudão do Sul onde apesar de todos os problemas se encara o futuro com “muita esperança e fé”.
“É uma missão muito bonita apesar de todos os desafios que enfrenta a todos os níveis mas somos muito bem recebidos pelo povo de Noé que é profundamente religioso e muito aberto à evangelização”, sintetiza o padre Raimundo Rocha em declarações à Agência ECCLESIA.