O Papa Francisco parte para a Terra Santa no próximo sábado dia 24 de maio para uma viagem de grande importância para o diálogo inter-religioso. Percorrerá três estados em três dias: A Jordânia; a Palestina e Israel. O Santo Padre percorrerá os caminhos da história para abrir um novo tempo de diálogo e esperança. Apresentamos nesta nossa rubrica “Sal da Terra, Luz do Mundo” os preparativos e o programa da peregrinação do Papa Francisco à Terra Santa.
O P. Federico Lombardi, Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, apresentou na semana passada o programa desta importante peregrinação que será a segunda viagem internacional do Papa Francisco após a JMJ em 2013. Uma viagem por ocasião do 50º aniversário do encontro de Paulo VI com o Patriarca Atenágoras ocorrido em Jerusalém em janeiro de 1964. No encontro com os jornalistas o P. Lombardi afirmou que “serão simplesmente três dias” de uma viagem “muito breve e muito intensa, como foram os três dias da viagem de Paulo VI”.
As etapas fundamentais desta viagem são a Jordânia, Amã; Belém, no Estado da Palestina e depois Jerusalém. Três Estados – Jordânia; Palestina e Israel, três etapas fundamentais. A viagem do Papa Francisco à Terra Santa terá um caráter inter-religioso. Dimensão, desde logo, demonstrada pela delegação papal:
“Inserimos na delegação, mesmo se não partindo de Roma, um rabino e um representante muçulmano. O Papa quis consigo, formalmente, como membro da delegação, o Rabino Skorka e o Sr. Omar Ahmed Abud, Secretário-Geral do Instituto de Diálogo Inter-religioso da República da Argentina. São duas pessoas que o Papa conhece bem, desde os tempos da Argentina, com quem cultivou relações de diálogo e de amizade, desde então, e que participa, com eles deste momento assim importante”.
Em jeito de preparação da viagem do Santo Padre esteve na passada quarta-feira, dia 14 em Amã, na Jordânia o Cardeal Jean-Louis Tauran, presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso que juntamente com o príncipe El Hassan Bin Talal, fundador do Instituto Real de Estudos interconfessionais, assinaram um documento comum para uma maior solidariedade no mundo. O papel fundamental da família e da escola na formação das crianças, a importância da educação religiosa; a necessária consideração da dignidade da pessoa humana; o respeito pela liberdade religiosa; a convicção de que não é a religião, mas sim a desumanidade e a ignorância que causam os conflitos – eis alguns dos pontos do documento assinado em Amã na semana passada no âmbito de um encontro sobre o tema da educação. O cardeal Tauran prestou declarações à Rádio Vaticano:
Ces trois jours sont passés dans une atmosphère d’exceptionnelle ouverture …
Estes três dias passaram num clima de excecional abertura e amizade, e isto confirma que o diálogo inter-religioso inicia sempre com a amizade, para se conhecer, para se amar um ao outro. O tema geral foi, como se sabe, "como enfrentar os desafios de hoje através da educação". Insisti no papel indispensável da família, da escola e da universidade. O importante é que este encontro terminou com a publicação de um "decálogo da cultura", que convida a nunca renunciar a curiosidade intelectual, a ser humildes e não intelectualmente arrogantes, conservar a própria autonomia intelectual, diante da superficialidade do mundo de hoje, perseverar no cuidado à vida interior e considerar o pluralismo uma riqueza e não uma ameaça.”
Neste clima de preparação da peregrinação do Santo Padre à Terra Santa, de registar também a mensagem que o Papa Francisco enviou ao Patriarca copto-ortodoxo Tawadros II, por ocasião do primeiro aniversário do encontro que tiveram no Vaticano a 10 de maio de 2013. Na mensagem o Papa sublinha que “aquilo que nos une é muito maior do que aquilo que nos separa” e reza para que se possa “continuar o diálogo na caridade e na verdade para superar os obstáculos que permanecem para atingir uma plena comunhão”. O Santo Padre assegura, no final da sua mensagem, as suas incessantes orações por todos os cristãos no Egito e no Medio Oriente.
Entretanto, na semana passada quem presidiu à peregrinação internacional aniversária de 12 e 13 de maio em Fátima, foi precisamente o Patriarca Latino de Jerusalém Fouad Twal. Numa homilia em que reiterou os seus apelos pela paz, sobretudo no Médio Oriente, afirmou que piores do que os muros de betão são os muros do coração, porque a paz ou é justa ou não será uma paz verdadeira. No final, convidou todos os peregrinos de Fátima a visitarem a Terra Santa para fortalecerem a fé e conhecerem melhor as suas raízes seguindo o exemplo do Papa Francisco.
O Papa Francisco parte para a Terra Santa em busca de um novo tempo de diálogo:
O primeiro dia da peregrinação, sábado, 24 de maio, será dedicado aos encontros na Jordânia com destaque para a Missa onde será celebrada a Primeira Comunhão de 1400 crianças. Importante também a visita ao lugar do Batismo de Jesus no Rio Jordão. O dia 25, domingo, será o dia dedicado pelo Papa à Palestina encontrando-se com o Presidente Mahmoud Abbas, e a Missa na Praça da Manjedoura de onde recitará o Regina Coeli dominical. Estará também com um grupo de refugiados. No domingo à tarde, o Papa chegará ao Estado de Israel. Após o encontro com o Patriarca Ecuménico de Constantinopla Bartolomeu, haverá um momento crucial e histórico com a oração ecuménica na Basílica do Santo Sepulcro, como nos antecipa o P. Lombardi:
“A chegada ao Estado de Israel começa com uma simples cerimónia de boas-vindas no Aeroporto de Tel-Aviv, na tarde de domingo e a deslocação para Jerusalém. O Papa dirige-se imediatamente à delegação apostólica de Jerusalém. E ali realiza-se o encontro com o Patriarca Ecuménico. Portanto, é outro momento importante da viagem. Lá acontecerá um encontro privado, um encontro historicamente importantíssimo, porque ocorre no mesmo lugar, na mesma sala, em que Paulo VI se encontrou com Atenágoras há 50 anos. E terá a assinatura de uma declaração conjunta. Depois, os dois transferem-se ao Santo Sepulcro para aquele que é considerado um evento fundamental nesta viagem: a celebração ecuménica no Santo Sepulcro.”
“O Papa e o Patriarca chegam – não juntos – mas por caminhos diferentes, à Praça que está diante do Santo Sepulcro, entrando por duas portas diferentes a partir da Praça. Depois são acolhidos na entrada da Basílica do Santo Sepulcro pelos três superiores das comunidades do status quo: a comunidade greco-ortodoxa, a comunidade armena-ortodoxa e a Custódia da Terra Santa. O Papa e o Patriarca veneram a Pedra da Unção, que se encontra próxima da entrada e dirigem-se aonde está o Santo Sepulcro. O Papa e o Patriarca entram no Santo Sepulcro para venerar o Sepulcro vazio, saem do Sepulcro, abençoam os presentes e dirigem-se depois ao Calvário, ao Gólgota, acompanhados pelos três chefes das comunidades do status quo.
“Um momento ecuménico, que é a grande novidade ecuménica desta viagem: uma oração em comum num lugar santo de Jerusalém, no Santo Sepulcro em particular, é algo que nunca aconteceu antes. As comunidades cristãs que podem celebrar e rezar nos lugares santos fazem-no – e sempre o fizeram até agora – separadamente, nos tempos propícios e destinados às diversas comunidades. Após esta celebração – verdadeiramente histórica o Papa e o Patriarca – desta vez juntos, no mesmo automóvel – seguem para o Patriarcado para o jantar”.
De grande intensidade serão também os encontros no último dia da peregrinação do Papa Francisco na Terra Santa, segunda-feira 26 de maio. O Papa Francisco estará na Esplanada das Mesquitas, terá um momento de oração junto ao Muro das Lamentações e estará no Monte Herzl para depositar flores no monte que tem o nome do fundador do movimento sionista. O Santo Padre prestará homenagem às vítimas do Holocausto no memorial Yad Vashem. Destaque para o encontro com o Presidente Peres.
A peregrinação do Papa terminará com uma Eucaristia no Cenáculo com os Ordinários da Terra Santa e com a delegação papal. De helicóptero dirige-se a Tel Aviv e em Tel Aviv despede-se do Estado de Israel e parte com destino a Roma, onde deve chegar por volta das 23 horas de dia 26 de maio.