O patriarca latino de Jerusalém reforçou o apelo ao diálogo na Terra Santa, no seguimento de uma ofensiva israelita contra a Faixa de Gaza que já fez centenas de mortos e milhares de refugiados palestinos.
Numa entrevista difundida através do site do Patriarcado, D. Fouad Twal sublinhou que a Igreja Católica não está “a favor nem de um nem de outro” dos lados mas sim “a favor da paz”.
Aquele responsável lamentou ainda que a visita do Papa à Terra Santa, e o encontro posterior no Vaticano entre Francisco e os chefes de Estado das duas nações, Shimon Peres de Israel e Mahmoud Abbas da Palestina, se tenham revelado infrutíferos para a tão desejada pacificação da região.
A alegria e o “otimismo” deram de novo lugar ao “incómodo” que é ver um conflito sem fim à vista e que, mais do que isso, está a incutir nas novas gerações o mesmo espirito de violência e de intolerância.
“Que tipo de educação vão dar a estes jovens? Esta é a questão. Onde leva esta educação? Ninguém é feliz. Ninguém. Nem israelitas nem palestinos”, salienta o patriarca latino de Jerusalém.
O sequestro de três jovens israelitas, entre os 16 e os 19 anos, que depois foram encontrados mortos na Cisjordânia e o posterior assassinato de outro jovem, palestino, perto de Jerusalém, deitou por terra a construção de um clima de paz entre Israel e a Palestina que já era frágil.
A entrevista a D. Fouad Twal faz menção à “recusa da Palestina em reconhecer Israel como Estado Judeu” e à “persistência, por parte de Israel, numa colonização ilegal, que levou a uma nova vaga de pessimismo e desolação”.
Recorda ainda outros fatores envolventes, como “a ameaça do Estado islâmico no Iraque e na Síria, o interminável conflito na Síria e a instabilidade no Egipto”, que só contribuem para atear mais o fogo da guerra.
Para o vigário patriarcal dos católicos de expressão hebraica, padre David Neuhaus, “mais uma vez, são os jovens que são vítimas” dos “mais velhos que não estão dispostos a mudar as suas posições políticas”.
O sacerdote defende ainda que a Igreja Católica deve “contribuir para uma mudança” com “coragem, generosidade e criatividade”.
A coisa a fazer é olhar para aquele que está à nossa frente e chamar-lhe ‘meu irmão’ porque somos todos filhos de Deus”, conclui.