Arcebispos, Bispos, sacerdotes, religiosos, leigos, autoridades governamentais, políticas e militares, acompanharam nesta terça-feira Dom Pedro Luís António à sua última morada.
O Bispo emérito do Kuito-Bié faleceu na última sexta-feira 25 de julho no hospital central do Bié, vítima de prolongada doença.
Na missa de corpo presente presidida por Dom José Nambi Bispo local, na copresença do Núncio apostólico em Angola Dom Novatus Rugambwa e demais Bispos da CEAST, várias foram as mensagens lidas em solidariedade a família e a Diocese do Kuito-Bié.
Dom José Nambi sublinhou em sua homilia o facto de que para os que creem em Deus a morte física não tem a ultima palavra. “Mas para os que têm fé a morte não é uma derrota total do homem, a fé oferece a todos os que se dispõem a reflectir, uma resposta válida à ansiedade a respeito do futuro depois da morte”. Precisou.
Natural de Caconda província da Huila, Dom Pedro Luís António nasceu a 13 de Janeiro de 1921 e ordenado sacerdote em 1952. Assumiu o episcopado do Bié de 1979 a 1996.
O seu pastoreio por estas terras foi marcado por um período conturbado da história do País e particularmente desta província. Recorde-se que por conflitos entre as ideologias políticas do seu tempo e o Pensamento da Igreja, Dom Pedro, na altura ainda Padre, foi encarcerado e enviado para os campos de reeducação e trabalhos forçados na cadeia de S. Nicolau (Bentiaba) Namibe de 5 de janeiro de 1977 a 29 de janeiro do mesmo ano, tal como refere o Arcebispo emérito de Luanda Dom Eduardo André Muaca, também de feliz memória, na sua obra Breve História da Evangelização de Angola (pag 142). Dom Francisco Viti seu contemporâneo no episcopado lembra com saudades o seu testemunho de Cristão e de Patriota. “Homem Cristão, pastor da Igreja, meu pai espiritual, Pedagogo e Patriota. Tudo quanto tenho do amor de Deus reforçado a partir da minha família e do meu director padre Gerónimo santa Maria e Mota, até a minha formação de Cidadão, de africano e de patriota angolano devo muito a este Homem. Peço a Deus que a Igreja e a Pátria tenham autênticos Pedagogos e não apenas administradores do Saber”.
Por sua vez o vice-governador do Bié para o sector político e Social afirma que o legado de Dom Pedro Luís António deve vincar nas novas gerações. “Conheci, pessoalmente, com ele convivi e carrego ainda lembranças bastante brilhantes daquilo que foi o seu percurso evangélico. O Bié perde um filho, o Bié perde uma biblioteca bastante grande. Eu penso que neste momento devemos mover-nos em torno daquilo que foi a memória de Dom Pedro e guardar para sempre as grandes recordações que temos como uma homenagem que podemos dar à sua figura”. Disse
Enquanto Padre, Dom Pedro exerceu o seu ministério Pastoral na Missão de Quipeio, mais tarde nas Missões de Cuima, Cambinda, Missão do Yola, Londuimbale e Alto Hama, esta última da qual foi fundador. Recorde-se que desde 1979, Dom Pedro sempre esteve na Diocese do Bié mesmo durante os mais intensos combates travados nesta região. Somente em 1993 viu-se obrigado a mudar sua residência da cidade do Kuito para a missão do Chinguar, quando viu sua residência episcopal incendiada, o Seminário sagrado coração de Jesus saqueado, outras residências religiosas destruídas e a Missão da Chanhora, a mais próxima da cidade, ocupada e transformada em base militar.