O Papa Francisco recebeu em audiência neste sábado 7 de fevereiro os membros do Comité Permanente do Simpósio das Conferências Episcopais de África e Madagáscar (SCEAM), que teve a sua reunião estatutária no Vaticano nesta semana. No seu discurso o Papa começou por encorajar esta Instituição continental, pensada e promovida depois do Concílio Vaticano II para prestar serviço às Igrejas locais em África. Este serviço, disse o Papa, tem a finalidade de dar respostas comuns aos novos desafios do continente para que a Igreja possa falar com uma só voz e testemunhar a sua vocação de ser sinal e instrumento de salvação, de paz, diálogo e reconciliação.
Este caminho – prosseguiu o Papa - exige que os pastores permaneçam livres de qualquer preocupação mundana e política, fortaleçam os vínculos de comunhão com o Papa, através da colaboração com as Nunciaturas Apostólicas e com uma comunicação "fluida" e directa com as outras instituições da Igreja, mantendo experiências eclesiais simples e acessíveis para todos, bem como estruturas pastorais sóbrias.
Em seguida o Papa referiu-se às novas gerações que precisam sobretudo do testemunho, sublinhando que em África o futuro está nas mãos dos jovens, e eles são hoje chamados a defender-se contra as novas formas de "colonização" tais como o sucesso, a riqueza, o poder todo o custo, mas também o fundamentalismo e o uso indevido da religião. A maneira mais eficaz para superar a tentação de ceder a estes estilos de vida perigosos é investir na educação, e preocupar-se principalmente por oferecer uma proposta educativa que ensine os jovens a pensar criticamente e lhes indique um percurso de maturação nos valores.
O Papa Francisco disse ainda que também em África verifica-se uma certa desagregação familiar, portanto, a Igreja é chamada a valorizar e incentivar todas as iniciativas em favor da família, como fonte privilegiada de qualquer fraternidade e fundamento e via para a paz. E o Papa observou que nos últimos tempos muitos sacerdotes, religiosos e leigos se têm empenhado em obras louváveis para o apoio da família, com especial atenção para os idosos, os doentes, os deficientes, sobretudo nas zonas mais remotas onde as Igrejas têm proclamado o Evangelho da vida e socorrido os mais necessitados a exemplo do Bom Samaritano. E o Papa citou o maravilhoso testemunho de caridade diante do recente surto do vírus Ébola, em que muitos missionários africanos deram generosamente a vida para ficar ao lado dos doentes.
O Simpósio, recordou ainda o Papa Francisco, é também um lugar para promover o Estado de direito e legalidade, para que se possam sanar as chagas da corrupção e do fatalismo, e para incentivar o empenho dos cristãos nas realidades seculares, tendo em vista o bem comum. E para tal, concluiu o Papa, é importante recordar que a evangelização requer a conversão, ou seja, a mudança interior. E terminou invocando sobre eles a luz e a força do Espírito Santo para que sustentem os seus esforços pastorais e para que a Virgem Maria proteja e interceda por todo o Continente.