O Governo da Venezuela, presidido por Nicolás Maduro, bloqueou a presença da Caritas nacional na internet, através do seu sítio online, bem como os telefones quando já tinha bloqueado as atividades do organismo da Igreja Católica no país.
O programa brasileiro da Rádio Vaticano contextualiza que o Governo de Caracas proibiu a Caritas de levar ajuda humanitária à população depois da Conferência Episcopal Venezuelana ter denunciado “a gravíssima situação vivida no país”, na segunda exortação pastoral do ano.
Os bispos venezuelanos destacaram também a janela para o diálogo que surgiu do encontro com o vice-presidente, Aristóbulo Istúriz, e pediram que fosse aprovada o fornecimento da ajuda humanitária – remédios, alimentos e outros produtos – que foram oferecidos por vários países à Caritas e a organizações sociais de outras confissões.
“O Governo deve favorecer todas as formas de ajuda aos cidadãos”, defenderam os bispos venezuelanos.
O bloqueio dos telefones e do sítio na internet - http://caritasvenezuela.org.ve/ - à Cáritas por parte do Governo da Venezuela foi denunciado por diferentes Organizações Não-Governamentais de ajuda humanitária; Contudo a presença na rede social Facebook continua ativa em https://www.facebook.com/caritasvenezuela/.
“Maduro não permite a ajuda porque colocaria em evidência a grave crise pela qual passam os doentes venezuelanos”, disse, por sua vez, o padre Santiago Martín ao periódico espanhol ‘ABC’.
O sacerdote espanhol, fundador dos ‘Franciscanos de Maria’ (1988), já tinha publicado um vídeo intitulado ‘Venezuela y el odio a la Iglesia’, a denunciar a insensibilidade do governo, que permite “que os próprios cidadãos morram de fome”.
Nicolás Maduro reagiu e pressionou a Caritas Venezuela a desmentir as afirmações do sacerdote
Na sua análise editorial na Magnificat.tv, o padre Santiago Martín exemplificou que há mulheres grávidas que “ficam meses em fila” à espera de fraldas, lutas diárias por “um pedaço de frango”, bem como população sem acesso à luz elétrica e pessoas que “morrem nos hospitais por uma simples infeção”.
Segundo o ‘ABC’, Leopoldo López Gil, o pai de Leopoldo Lopez - preso político da oposição ao anterior presidente Hugo Chávez e condenado a 14 anos de prisão -, desde Espanha abordou o Vaticano para canalizar a ajuda humanitária para a Venezuela.
“O nível de violência que se desencadeou é enorme, com saques a mercados de alimentos, devido ao desespero das pessoas”, alertou.
De recordar que o Papa Francisco enviou uma carta a Nicolás Maduro, e "segue com atenção" a crise que afeta o país sul-americano e já na mensagem do Domingo de Páscoa (27 de março) falou publicamente sobre as “difíceis condições” em que vive o povo venezuelano, pedindo a criação de “espaços de diálogo e colaboração ente todos”.