O Papa Francisco visitou este Sábado em Erevan o memorial do genocídio arménio, onde rezou com descendentes das vítimas dos massacres e deportações em massa no início do século XX e pediu que este acontecimento permaneça na "memória" da humanidade.
“Aqui rezo, com dor no coração, para que nunca mais haja tragédias como esta, para que a humanidade não esqueça e saiba vencer o mal com o bem”, escreveu, pelo seu punho, numa mensagem para o Livro de Honra deste complexo.
Francisco deixou votos de paz para a Arménia e o mundo inteiro, pedindo que "Deus guarde a memória do povo arménio".
"Que a memória não seja diluída nem esquecida, a memória é fonte de paz e de futuro”, assinalou no texto.
A passagem pelo memorial de Tsitsernakaberd, construído em 1967, repetiu o gesto de João Paulo II em 2001 e é um dos pontos centrais da visita do pontífice argentino, que já esta sexta-feira tinha condenado o “genocídio” dos cristãos arménios às mãos do Império Otomano, conhecido na Arménia como ‘Metz Yeghern’ (o grande mal).
Entre as pessoas presentes no local contavam-se familiares das 400 crianças que em 1919 foram salvas e ficaram hospedadas durante alguns meses na residência pontifícia de Castel Gandolfo, perto de Roma, pelo Papa Bento XV e, posteriormente, Pio XI.
Francisco foi recebido pelo patriarca da Igreja Apostólica Arménia, Karekin II, e pelo presidente do país, Serzh Sargsyan, com quem entrou no local, depois de ter depositado uma coroa de flores à entrada de memorial, rezando em silêncio.
Na sala da chama perene – onde o Papa cumpriu a tradição de depositar rosas em memória das vítimas - decorreu uma cerimónia religiosa com cânticos e leituras da Bíblia, a recitação conjunta do Pai-Nosso e a bênção dos dois líderes cristãos.
A passagem do Papa concluiu-se com o gesto simbólico de plantar uma árvore, junto da qual foi colocada uma inscrição em arménio e italiano: “Para que da memória floresça um futuro de paz”.
O memorial, conhecido também como ‘Dzidzernagapert’ (Forte das andorinhas) evoca os arménios que morreram às mãos do Império Otomano entre 1915 e 1923.
Francisco usou esta sexta-feira a palavra “genocídio” para classificar estas mortes, numa passagem improvisada do seu discurso no Palácio Presidencial de Erevan, uma designação que é recusada pela Turquia.
O Papa está na Arménia a convite do patriarca Karekin II, ‘catholicos de todos os arménios’, das autoridades civis e da Igreja Católica.
Após a visita ao memorial de Tzitzernakaberd segue-se um voo de 80 quilómetros até Gyumri, segunda maior cidade da Arménia, onde Francisco vai presidir à Missa na Praça Vartanants, única Eucaristia pública com a comunidade católica.
Às 16h45 (13h45 em Lisboa) vai ter lugar uma vista às catedrais arménia-apostólica das Sete Chagas e arménio-católica dos Santos Mártires, antes do regresso a Erevan, com Francisco a fechar o dia na Praça da República, num encontro ecuménico de oração pela paz, com a companhia de Karekin II, para o qual são esperadas dezenas de milhares de pessoas.
A viagem à Arménia, primeira de um Papa desde 2001, conclui-se este domingo.