Papa rejeita uso do nome de Deus para justificar violência

Papa rejeita uso do nome de Deus para justificar violência

O Papa rejeitou esta Quarta-feira na audiência geral no Vaticano as visões religiosas que usam o “nome” de Deus para justificar a violência e convidou os católicos a “transformar o mundo”, inspirados pela sua fé.

Perante milhares de pessoas reunidas na Praça de São Pedro, para a audiência pública semanal, Francisco alertou para os que “reduzem Deus a um falso ídolo” e “usam o seu santo nome para justificar os próprios interesses, até mesmo o ódio e a violência”.

A intervenção sublinhou a importância de distinguir as “imagens de Deus” construídas por alguns da sua “real presença” na humanidade.

O Papa observou que algumas pessoas desenvolvem uma fé que “reduz Deus ao espaço limitado dos próprios desejos e das próprias convicções”.

“Mas esta fé não é conversão ao Senhor que se revela; pelo contrário, impede o Senhor de provocar a nossa vida e a nossa consciência”, advertiu.

Para outros, prosseguiu, Deus é “um refúgio psicológico” no qual encontram segurança nos momentos difíceis.

“Trata-se de uma fé dobrada sobre si mesma, impermeável à força do amor misericordioso de Jesus que conduz em direção aos irmãos”, precisou.

“Outros ainda consideram Cristo somente como um bom mestre de ensinamentos éticos, um entre tantos outros na história. Finalmente, há quem sufoque a fé numa relação puramente intimista com Jesus, anulando assim o seu impulso missionário, capaz de transformar o mundo e a história”, acrescentou.

A catequese de Francisco tinha partido de uma afirmação, “É a misericórdia que salva”, colocando a ação de Jesus Cristo, centrada na “misericórdia” como concretização do discurso de João Batista, que anunciava a “justiça” de Deus.

“Comprometamo-nos a não colocar nenhum obstáculo ao agir misericordioso do Pai e peçamos o dom de uma fé grande, para que também nós sejamos sinais e instrumentos de misericórdia”, apelou o Papa aos presentes.

Após saudar os peregrinos e visitantes reunidos na Praça de São Pedro, Francisco evocou a figura de Madre Teresa de Calcutá, a nova santa da Igreja Católica.

“Caros jovens, tornai-vos como ela artesão da misericórdia”, desejou, pedindo ainda que “não faltem nunca nas famílias o cuidado e a atenção aos mais fracos”.