Papa encerra Jubileu dos sem-abrigo com alertas contra “esclerose espiritual”

 Papa encerra Jubileu dos sem-abrigo com alertas contra “esclerose espiritual”

O Papa Francisco presidiu este Domingo à Missa que concluiu a celebração do Jubileu da Misericórdia com os sem-abrigo, no Vaticano, e alertou para a “esclerose espiritual” que leva a ignorar os pobres.

“Como nos faz mal fingir que não nos apercebemos do Lázaro que é excluído e descartado. É afastar o rosto de Deus. Temos um sintoma de esclerose espiritual, quando o interesse se concentra nas coisas a produzir, em vez de ser nas pessoas a amar”, disse, na homilia da celebração que decorreu na Basílica de São Pedro.

As primeiras filas da assembleia incluíam vários sem-abrigo e outras pessoas em situação de exclusão social e marginalização, reunidos no Vaticano desde sexta-feira para um conjunto de celebrações e encontros.

Francisco alertou para a “dramática contradição” do aumento do número de pobres num mundo em que crescem “o progresso e as possibilidades”.

“É grave que nos habituemos a este descarte; é preciso ficar preocupado quando a consciência se anestesia, não fazendo caso do irmão que sofre ao nosso lado nem dos problemas sérios do mundo, que se reduzem a um refrão já ouvido nos sumários dos telejornais”, lamentou.

O Papa sublinhou que esta “grande injustiça” deve preocupar mais as pessoas do que saber “quando e como” será o fim do mundo.

“Não se pode estar tranquilo em casa, enquanto Lázaro jazer à porta; não há paz em casa de quem está bem, quando falta justiça na casa de todos”, defendeu.

O pontífice argentino desejou que todos os católicos sejam capazes de abrir os olhos ao próximo, sobretudo ao “irmão esquecido e excluído”, e que a Igreja centre a sua atenção sobre eles e não sobre si própria.

“Afaste-nos das quimeras que nos distraem, dos interesses e dos privilégios, do apego ao poder e à glória, da sedução do espírito do mundo”, pediu.

Partindo dos textos bíblicos proferidos na celebração, o Papa explicou que as verdadeiras riquezas, para o crente, são Deus e o próximo, porque “tudo o resto passa”.

“Gostaria que hoje fosse o dia do pobre, com estas reflexões”, confessou.

Entre os participantes conta-se uma delegação portuguesa, que levou a Roma 160 pessoas, sem-abrigo e técnicos de Cáritas Diocesanas, Comunidade Vida e Paz e Misericórdia de Lisboa.

Este domingo, nas catedrais e santuários de todo o mundo, são fechadas as Portas da Misericórdia abertas no Ano Santo extraordinário convocado por Francisco, que se iniciou em Dezembro de 2015.

A porta da Basílica de São Pedro vai ser fechada no próximo domingo, encerrando assim o Jubileu da Misericórdia.