Quarta-feira, dia da habitual audiência geral do Papa Francisco na Praça de S. Pedro, hoje, mais uma vez repleta de fiéis e peregrinos vindos de diversas partes da Itália e do mundo. Tema da catequese deste ano, é a esperança cristã, hoje centrada na carta do Apóstolo Paulo aos Romanos (Rm 12, 9-13): “ Que a, vossa caridade, diz o apóstolo Paulo, seja sincera, aborrecendo o mal e aderindo ao bem. Amai-vos uns aos outros com amor fraternal, adiantando-vos em honrar uns aos outros. Sede diligentes, sem fraqueza, fervorosos de espírito, dedicados ao serviço do Senhor. Alegres na esperança, pacientes na tribulação, perseverantes na oração, (…) exercendo hospitalidade”.
Ora, nós sabemos muito bem, disse Francisco, que o grande mandamento que Jesus nos deixou é o mandamento do amor: amar a Deus com todo o nosso coração, com a toda a nossa alma e com toda a nossa mente e amar ao próximo como a nós mesmos. Somos portanto chamados ao amor, à caridade: esta é a nossa vocação mais sublime, a nossa vocação por excelência e à essa vocação esta ligada também a alegria da esperança.
“O Apóstolo Paulo, no texto da Carta aos Romanos que acabamos de escutar, adverte-nos que há o risco de a nossa caridade ser hipócrita, que o nosso amor seja hipócrita. Devemos perguntar-nos: quando é que isto ocorre? E como podemos estar seguros que o nosso amor seja sincero, que a nossa caridade seja autêntica”?
A hipocrisia, disse o Santo Padre, pode insinuar-se em todos os lados, mesmo na nossa maneira de amar. Isto se verifica quando o nosso amor é um amor interessado, é movido por interesses pessoais; quando o serviço caritativo no qual tudo parece que estamos sinceramente empenhados, é porém realizado com a única intenção de exibirmos a nossa pessoa e a nossa obra e sentirmos por conseguinte satisfeitos ou recompensados com a nossa obra perante aos outros, promovendo assim a nossa visibilidade, ou a visibilidade da nossa inteligência e capacidade pelo mundo fora.
Por detrás de tudo isto, adverte o Papa, reside uma falsa ideia, uma ideia enganadora que consiste em pensar que se nós amamos é porque somos bons; como se a caridade fosse uma criação do homem, um produto do nosso coração. A caridade, pelo contrário, é uma graça; não consiste em fazer transparecer aquilo que nós somos, mas aquilo que o Senhor nos dá e que nós de forma livre acolhemos; e não se pode exprimir no encontro com os outros se antes não for gerado no encontro com o rosto humilde e misericordioso de Jesus.
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Somos portanto chamados a amar a Deus com todas as nossas forças e amar o próximo como a nós mesmos. Mas é preciso compreender que nós, simplesmente com as nossas forças, não somos capazes de amar verdadeiramente; precisamos que o nosso coração seja curado e renovado por Cristo ressuscitado. É Ele que, não obstante toda a nossa limitação e pobreza, nos faz experimentar a compaixão do Pai: o próprio Deus vem habitar no nosso coração, ajudando-nos a ver e apreciar as coisas simples e comuns do dia-a-dia e tornando-nos capazes de amar os outros como Ele os ama, isto é, procurando apenas o seu bem. Então sentir-nos-emos contentes por nos aproximarmos do pobre e do humilde, vendo como Jesus procede connosco quando nos afastamos d’Ele; contentes por nos debruçarmos sobre os irmãos caídos por terra, vendo como Jesus, Bom Samaritano, Se inclina sobre cada um de nós tratando das nossas feridas com a sua compaixão, com o seu perdão.
Está aquí, disse Francisco, o segredo para «sermos alegres na esperança», como nos pedia Paulo na leitura inicial: termos a certeza de que, em todas as circunstâncias, inclusive nas mais adversas, e apesar das nossas faltas, o amor de Deus por nós não esmorece. E assim, com o coração visitado e habitado pela sua graça misericordiosa e seguros da sua fidelidade inabalável, vivemos na jubilosa esperança de Lhe retribuir, nos irmãos, com o pouco que nos é possível, o muito que recebemos d’Ele todos os días, concluiu dizendo Francisco.
Como habitualmente, em todas as audiências, também hoje não faltou a habitual saudação do Santo Padre aos peregrinos de língua oficial portuguesa: “Saúdo cordialmente os peregrinos de língua portuguesa, em particular o grupo da Amadora e os cidadãos lisboetas de Santo António guiados pelo Presidente da Junta de Freguesia. O Senhor vos abençoe e encha de alegria, e o Espírito Santo ilumine as decisões da vossa vida, para realizardes fielmente a vontade do Pai celeste. Sobre todos vós e sobre as vossas famílias e comunidades, vele a Virgem Mãe de Deus e da Igreja”.