Quarta-feira, 26 de Abril. Audiência geral do Papa. Na sua catequese, Francisco comentou a passagem do Evangelho de São Mateus em que Jesus diz aos Apóstolos: “Eu estarei convosco todos os dias até ao final dos tempos”. Nesse mesmo Evangelho afirma-se que a Cristo será dado o nome de Emanuel que significa “Deus connosco”. Nestas duas citações que encerram todo o Evangelho – disse o Papa – está o mistério de um Deus, cujo nome, cuja identidade é estar - com: não um Deus isolado, é um Deus connosco, isto é um Deus com a criatura humana.
“O nosso Deus não é um Deus ausente, sequestrado por um céu longínquo; é, pelo contrário, um Deus “apaixonado” pelo homem, tão ternamente amante ao ponto de ser incapaz de se separar dele. Nós humanos somos hábeis em romper ligações e pontes. Ele não. Se o nosso coração arrefece, o d'Ele permanece sempre incandescente. O nosso Deus nos acompanha sempre, mesmo se, porventura, nós nos esquecêssemos d’Ele”
Nisto está a certeza de que Deus não nos abandonará nunca. A nossa existência é uma peregrinação, uma caminhada – continuou Francisco. A nossa alma é uma alma migrante, como mostram muitas passagens do Evangelho. E na sua caminhada o homem, sobretudo o cristão, não está nunca só, porque Jesus nos assegura que não nos espera só ao fim da nossa viagem, mas nos acompanha todos os dias da nossa vida. Cuidará de nós até ao final dos tempos. Não haverá dia algum da nossa vida em que deixaremos de ser objecto da sua solicitude. E Deus cuidará de todas as nossas necessidades; se o início da nossa vocação está naquele “Segue-Me” dito por Jesus e que nos garante que Ele vai sempre à nossa frente, então que havemos nós de temer? – perguntou o Papa que explicou:
“Alguém chama a isto “Providencia”, isto é, a proximidade de Deus, o amor de Deus, o caminhar de Deus connosco chama-se também Providencia de Deus”: Ele cuida da nossa vida.”
Com esta certeza, os cristãos podem empreender qualquer caminho, inclusive atravessar porções do mundo ferido: mesmo em situações dramáticas, o cristão encontra-se entre aqueles que lá continuam a esperar. E o Papa citou o salmo 23 que diz:
“Ainda que atravesse vales tenebrosos, de nenhum mal terei medo porque Vós, Senhor, estais comigo”.
Onde reina a escuridão – afirmou Francisco – é que é preciso manter acesa uma luz. Ao longo do caminho, a promessa de Jesus “Eu estarei convosco” – faz-nos permanecer de pé com esperança, confiando que o bom Deus já está em acção para realizar aquilo que humanamente parece impossível. Não há qualquer porção de mundo que escape à vitória de Cristo ressuscitado, à vitória do amor.
E o Papa concluiu recordando que o Santo Povo de Deus é gente que está erecta e que caminha na esperança. “E onde quer que vá, sabe que o amor de Deus o precede”:
“Não há parte nenhuma do mundo que escape à vitória de Cristo Ressuscitado. E qual é a vitória de Cristo Ressuscitado? A vitória do Amor”.
Como habitualmente, a catequese do Papa foi resumida em diversas línguas, incluindo o árabe, com saudações aos fiéis dessas línguas presentes na Praça de São Pedro. Eis a saudação do Papa em português: Santo Padre:
“Saúdo cordialmente os alunos e professores de Carcavelos e de Porto Alegre e os fiéis da paróquia de Queluz e da comunidade Obra de Maria; saúdo também os Presidentes das Câmaras e os Coordenadores da Região Vinícola da Bairrada, os ciclistas militares e civis e os restantes peregrinos de língua portuguesa. Obrigado pela vossa presença e sobretudo pelas vossas orações! À Virgem Maria confio os vossos passos ao serviço do crescimento dos nossos irmãos e irmãs. Sobre vós e vossas famílias desça a Bênção do Senhor!”