O Papa Francisco recebeu na manhã desta quinta-feira (4/05) em audiência, cerca de 40 participantes da 1ª Plenária da Secretaria para a Comunicação, a decorrer em Roma para reflectir sobre o tema da cultura digital. No seu discurso, Francisco ressaltou a importância e actualidade do tema em debate na Plenária, por ele várias vezes enfrentado: estudar critérios e modalidades novas para comunicar o evangelho da misericórdia a todas as pessoas, no coração das diversas culturas, através do media que o novo contexto cultural digital põe à disposição dos nossos contemporâneos.
Este Dicastério – sublinhou o Papa – apresenta-se em plena reforma porque é uma realidade nova que está já fazendo passos irreversíveis, na construção de uma verdadeira instituição nova, como descreve o Motu proprio que o criou:
"O contexto comunicativo actual, caracterizado pela presença e desenvolvimento dos media digitais, pelos factores da convergência e interactividade, requer um repensamento do sistema de informação da Santa Sé e empenha numa reorganização que, valorizando o que na história se tem desenvolvido no interior da estrutura comunicativa da Sé Apostólica, proceda de forma decisiva para uma integração e gestão unificada”.
Por estas razões – acrescentou o Papa – achei por bem que todas as realidades que, de diferentes maneiras, até agora se têm ocupado da comunicação, sejam reunidas num novo dicastério da Cúria Romana, a Secretaria para a Comunicação, para que o sistema de comunicação da Santa Sé responda cada vez melhor às exigências da missão da Igreja.
O novo sistema de comunicação – prosseguiu Francisco – nasce da exigência da ‘convergência digital’: enquanto no passado cada modalidade comunicativa tinha os próprios canais e cada forma expressiva tinha o seu médium, todas as formas de comunicação são, hoje, transmitidas com um único código que se serve do sistema digital, explicou o Papa:
“Neste contexto, portanto, o "L'Osservatore Romano", que a partir do próximo ano passará a fazer parte do novo Dicastério, deverá encontrar uma modalidade nova e diferente, para poder chegar a um número de leitores superior ao que consegue realizar em formato papel. Também a Rádio Vaticano, que há anos se tornou um conjunto de portais, deve ser reconsiderada segundo modelos novos e adequados às modernas tecnologias e as exigências dos nossos contemporâneos”.
E a propósito do serviço radiofónico, o Papa quis sublinhar o esforço que o Dicastério está a realizar em relação aos Países com baixa disponibilidade tecnológica (como, por exemplo, a África, disse o Papa) para a racionalização das Ondas Curtas que nunca foram retiradas.
E também a Livraria Editora Vaticana, a antiga Tipografia Poliglota do Vaticano e o "L'Osservatore Romano" passarão a fazer parte, daqui a alguns meses, da grande comunidade de trabalho do novo dicastério.
A história, certamente um património de experiências preciosas para conservar, se deve usar como impulso para o futuro, de contrário, disse o Papa, ela não passaria de um museu para visitar, mas incapaz de dar força e coragem para a continuação do caminho. E neste sentido Francisco falou da importância da formação e actualização do pessoal.
E o Papa indicou também o princípio que deve guiar as comissões de estudo do novo Dicastério:
“Peço-vos também que o princípio orientador seja aquele apostólico, missionário, com uma atenção especial às situações de mal estar, pobreza e dificuldades, sabendo que também estas situações precisam de ser enfrentadas, hoje, com soluções apropriadas. Assim será possível levar o Evangelho a todos, valorizar os recursos humanos, sem tomar o lugar da comunicação das Igrejas locais e, ao mesmo tempo, apoiando as comunidades eclesiais que mais necessitam”.
A terminar o papa convidou aos presentes a não se deixarem vencer pela tentação do apego a um passado glorioso, mas fazer pelo contrário um grande jogo de equipa para melhor responder aos novos desafios que a cultura nos pede hoje, sem medos e sem imaginar cenários apocalípticos.
Exorto-vos a dar testemunho de colaboração e partilha fraterna, enquanto invoco sobre todos vós a bênção do Senhor, por intercessão de Maria Santíssima, Mãe da Igreja que, com a sua ternura, sempre cuida de nós – concluiu o Papa.