Era dia 12 de Maio, o dia pelo qual milhares de fiéis, provenientes de múltiplos países do mundo, ansiosamente aguardavam. Para trás ficaram os longos e atarefados dias de preparação para que tudo corresse em harmonia. O momento era agora de grande alegria, fé, esperança e satisfação. O motivo principal era a celebração do centenário das aparições, cujo lema se reconhecia por: «o meu imaculado coração cduzir-vos-á a Deus».
Entre os fiéis, provenientes de Angola, em representação do país e de todos os angolanos que por múltiplas impossibilidades foram impedidos de estarem presentes, estavam os peregrinos da Diocese do Sumbe, geminada com a Diocese de Leiria/Fátima. O regozijo e o júbilo era visível na face de todos eles. De facto, algumas das pessoas nunca tinham saído de Angola, nem viajado de avião.
O acolhimento foi perfeito, totalmente da autoria da Diocese de Leiria/Fátima, que elevou ao mais alto nível de preocupação com o nosso bem-estar. Reuniram inclusivamente esforços para que além do alojamento fosse também feito um jantar de acolhimento e um almoço de despedida. Não poderíamos ter sido mais bem recebidos.
Pouco passava das 18h00, quando o Papa Francisco chegou ao Santuário no papamóvel, após ter sido transportado de helicóptero da Base Aérea de Monte Real até ao Estádio de Fátima. À chegada ao solo português, o Papa Francisco foi recebido por Marcelo Rebelo de Sousa com honras militares de 120 cadetes e um batalhão formado pelas academias da Força Aérea, da Marinha, do Exército e da Guarda Nacional Republicana.
O recinto estava composto por milhares de fiéis, envolvidos por um ambiente melódico cantado por sinos a repicar e por vozes que respondiam ao ímpeto dos «cânticos sagrados». A alegria, euforia e algum entusiasmo tinham agora dado lugar a momentos de compenetração, fé e reflexão. O Santo Padre rezava agora à Nossa Senhora, na Capelinha das Aparições, com o recinto em silêncio.
A noite já caía quando o Santo Padre regressou ao Santuário, mas agora era uma multidão de luz que o esperava. As velas que empoleiravam iluminavam o percurso do Papa Francisco, que o cumpriu a pé, pela Praça em direcção à Capelinha das Aparições.
Benzidas as velas lembrou «os deserdados e os infelizes a quem foi roubado o presente» e os «excluídos e os abandonados a quem foi negado o futuro».
Assinalou, ainda, o centenário das aparições perguntando aos fiéis: com que Maria peregrinaram? – "a Bendita por ter acreditado" ou "a Santinha a quem se recorre para obter favores a baixo preço?" De salientar que a sua visita tinha por lema «com Maria, peregrino na esperança e na paz» e o Papa Francisco protegeu este repto, com uma mensagem de conciliação e de harmonia.
Com a saída do Papa, naquele momento, 22h15, dava início, no santuário, à tradicional procissão das velas.
No dia seguinte, de manhã, foi o protagonista da homilia da Missa conclusiva da peregrinação internacional no aniversário do 13 de Maio. Começou por afirmar que foi sempre para si inquestionável a sua presença ali, em Fátima, agradecendo: “irmãos e irmãs, obrigado por me acompanhardes! Não podia deixar de vir aqui venerar a Virgem Mãe e confiar-lhe os seus filhos e filhas”. Mais, durante aquele mesmo sábado, 13 de Maio, o Papa argentino presidiu à canonização dos pastorinhos Jacinta e Francisco Marto.
Ainda durante a homilia, afirmou que em Fátima se consegue uma verdadeira mobilização geral, contra a indiferença que «gela o coração humano» e «agrava a miopia do olhar», rematando com: «não queiramos ser uma esperança abortada».
Já mais para o final da homilia, abordou ainda o tema do sofrimento, referindo-se a ele por Jesus que: «se humilhou e desceu até à cruz». Pediu para que nós, seus fiéis, contemplemos o verdadeiro rosto de Jesus Salvador: «aquele que brilha na Páscoa, e descobrir novamente o rosto jovem e belo da Igreja, que brilha quando é missionária, acolhedora, livre, fiel, pobre de meios e rica no amor».
Findas as celebrações, também nós iniciámos o regresso. Houve ainda tempo para mais um momento inesquecível de confraternização com os fiéis da Diocese de Leiria/Fátima e à qual endereço uma nota de profundo agradecimento, de toda a Diocese do Sumbe, pela forma como fomos recebidos. O meu bem-haja. Ficou a promessa de um reencontro para breve!
A peregrinação dos Fiéis da Diocese do Sumbe ao Santuário de Fátima, de salientar, ficou, também, marcada pela enorme riqueza espiritual que certamente perdurará eternamente nas nossas memórias, tal foi a forma intensa como foram vividos por todos nós os momentos de oração, da procissão, da canonização dos pastorinhos Jacinta e Francisco Marto, da homilia do Papa Francisco.
Sebastião Martins
Leigo Católico