O papa Francisco presidiu à Missa na Praça de S. Pedro repleta de fiéis e peregrinos provenientes da Itália e das várias partes do mundo.
Na sua homilia o Papa referiu-se ao Espírito Santo, dom pascal por excelência e que não cessa de realizar coisas novas. Sobre ele, disse, as Leituras de hoje mostram-nos duas novidades: o Espírito que faz dos discípulos um povo novo (I leitura) e o Espírito que cria nos discípulos um coração novo (Evangelho).
Sobre o povo novo, Francisco ressaltou que no dia de Pentecostes o Espírito primeiro pousa sobre cada um e, depois, põe a todos em comunicação, a cada um dá um dom e reúne a todos na unidade. Por outras palavras, o mesmo Espírito cria a diversidade e a unidade e, assim, molda um povo novo, diversificado e unido: a Igreja universal.
“Em primeiro lugar, com fantasia e imprevisibilidade, cria a diversidade; com efeito, em cada época, faz florescer carismas novos e variados. Depois, o mesmo Espírito realiza a unidade: liga, reúne, recompõe a harmonia (…). E desta forma temos a unidade verdadeira, a unidade segundo Deus, que não é uniformidade, mas unidade na diferença”.
E Francisco falou de duas tentações que devemos evitar para conseguirmos a unidade na diversidade. E a primeira é: procurar a diversidade sem a unidade:
“Sucede quando se quer distinguir, quando se formam coligações e partidos, quando se obstina em posições excludentes, quando se fecha nos próprios particularismos, porventura considerando-se os melhores ou aqueles que têm sempre razão – são os chamados guardiões da verdade!. Desta maneira escolhe-se a parte, não o todo, pertencer primeiro a isto ou àquilo e só depois à Igreja; tornam-se «adeptos» em vez de irmãos e irmãs no mesmo Espírito; cristãos «de direita ou de esquerda» antes de o ser de Jesus; inflexíveis guardiães do passado ou vanguardistas do futuro em vez de filhos humildes e agradecidos da Igreja. Assim, temos a diversidade sem a unidade”.
A tentação oposta, prosseguiu o Papa, é procurar a unidade sem a diversidade. E, deste modo, a unidade torna-se uniformidade, obrigação de fazer tudo juntos e tudo igual, de pensar todos sempre do mesmo modo; assim, a unidade acaba por ser homologação, e já não há liberdade.
Devemos, portanto, pedir ao Espírito Santo a graça de acolhermos a sua unidade, um olhar que, independentemente das preferências pessoais, abraça e ama a sua Igreja, a nossa Igreja; pedir a graça de nos preocuparmos com a unidade entre todos, de anular as murmurações que semeiam cizânia e as invejas que envenenam, porque ser homens e mulheres de Igreja significa ser homens e mulheres de comunhão, e também pedir um coração que sinta a Igreja como nossa Mãe e nossa casa: a casa acolhedora e aberta, onde se partilha a alegria multiforme do Espírito Santo – sublinhou Francisco.
Quanto à segunda novidade, o Espírito que cria um coração novo, o Papa notou que Jesus Ressuscitado não condenou os seus, que O tinham abandonado e renegado durante a Paixão, mas deu-lhes o Espírito do perdão. O Espírito, portanto, é o primeiro dom do Ressuscitado, e ele foi dado, antes de mais nada, para perdoar os pecados. E assim o perdão, já do início da Igreja, é a cola que nos mantém unidos, o cimento que une os tijolos da casa, o dom elevado à potência infinita, e que mantém unido não obstante tudo, impedindo de soçobrar, e sem perdão, não se edifica a Igreja, observou Francisco acrescentando:
“O Espírito do perdão, que tudo resolve na concórdia, impele-nos a recusar outros caminhos: os caminhos apressados de quem julga, os caminhos sem saída de quem fecha todas as portas, os caminhos de sentido único de quem critica os outros. Ao contrário, o Espírito exorta-nos a percorrer o caminho com duplo sentido do perdão recebido e dado, da misericórdia divina que se faz amor ao próximo, da caridade como «único critério segundo o qual tudo deve ser feito ou deixado de fazer, alterado ou não”.
«Espírito de Deus, Senhor que estais no meu coração e no coração da Igreja, Vós que fazeis avançar a Igreja, moldando-a na diversidade, vinde! Continuai a descer sobre nós e ensinai-nos a unidade, renovai os nossos corações e ensinai-nos a amar como Vós nos amais, a perdoar como Vós nos perdoais – concluiu Francisco.