O Papa recebeu ao fim da manhã deste dia 23 de Junho, na Aula Paulo VI, cerca de 600 participantes na 75ª Convenção da Serra Internacional, uma Associação de leigos para o apoio às vocações sacerdotais e à vida consagrada. Esta 75ª Convenção que tem por tema “Sempre para a frente. A coragem da vocação” iniciou ontem, 22, no Hotel Hergife, em Roma, e termina no dia 25.
O Papa agradeceu as palavras que lhe foram dirigidas pelo Presidente da Associação, Doutor Dante Vannini, que pôs em evidencia o “ser amigos” dos sacerdotes. Uma expressão que Francisco retomou e afirmou que um membro dessa Associação é antes de mais um “amigo especial” que o Senhor pôs ao lado de alguns seminaristas e alguns sacerdotes. Amigo, uma palavra hoje muito em voga, mesmo nos meios sociais, mas um pouco desgastada, pois que não basta um “conhecimento superficial” para “activar aquela experiencia de encontro e de proximidade a que a palavra “amigo” faz referencia”. “Há verdadeira amizade, só quando o encontro me envolve na vida do outro até ao dom de mim mesmo” – frisou o Papa indicando Jesus como modelo. Cristo – disse – “liberta a amizade do sentimentalismo e no-la entrega como um empenho de responsabilidade que envolve a vida”. O amor maior é dar a vida pelos próprios amigos.
“Portanto, é-se amigos só se se o encontro não permanecer externo ou formal, mas se tornar partilha do destino do outro, compaixão, envolvimento que conduz até ao doar-se pelo outro”.
E Francisco convidou a pensar no que faz um amigo: acompanha com discrição e ternura o meu caminho; escuta em profundidade e vai para além das palavras; é misericordioso perante os meus defeitos, é livre de preconceitos, sabe partilhar o meu percurso, fazendo-me sentir a alegria de não estar só, diz-me sinceramente o que pensa, está pronto a ajudar-me a levantar quando caio.
“Esta amizade, vós procurais dá-la também aos sacerdotes. O Serra Club é um lugar em que cresce esta bela vocação: ser leigos amigos dos padres. Amigos que sabem acompanhar e apoiar com sentido de fé, com a fidelidade da oração e com o empenho apostólico: amigos que partilham a maravilha da chamada, a coragem da escolha definitiva, as alegrias e os cansaços do ministério; amigos que sabem estar próximos dos padres, que sabem olhar com compreensão e ternura os seus elãs generosos, assim como as suas fraquezas humanas. Com estas atitudes, vós podeis ser para os sacerdotes como que a Casa de Betânia, onde Jesus entregava a Marta e Maria as suas canseiras e, graças à sua amorosa atenção, repousar e alimentar-se”.
O Papa deteve-se depois sobre a palavra - “é ir para a frente”. É uma palavra-chave da vocação cristã – pois que a voz do Senhor convida o discípulo missionário a iniciar “a santa viagem” em direcção à terra prometida do encontro com ele e com o irmão, percorrendo os caminhos para os quais Ele nos envia – disse Francisco, recordando que não pode caminhar quem tem medo de pôr-se em discussão, e permanece ligado aos próprios projectos e convicções. Isto pode acontecer mesmo com as estruturas pastorais que podem permanecer ancoradas em si mesmas em vez de se adaptar aos serviço do Evangelho. É preciso a coragem de ousar.
Que nos ilumine – invocou o Papa - a imagem de São Junípero, que, coxo, obstinava-se, todavia em querer para São Diego para pôr ali a Cruz.
“Tenho medo dos cristãos que não caminham e se fecham no próprio nicho. É melhor ir para a frente coxeando, por vezes caindo, mas sempre confiantes na misericórdia de Deus, do que ser “cristãos de museu”, que temem as mudanças e que, recebido um carisma ou uma vocação, em vez de se pôr ao serviço da eterna novidade do Evangelho, defendem-se a si mesmos e os próprios papeis”.
Então, “vós também, sempre para a frente!. Coragem, criatividade e audácia. Sem medo de renovar as vossas estruturas e sem permitir que o precioso caminho percorrido vos faça perder o elã da novidade (…) sempre prontos a “passar o archote”, sobretudo às gerações futuras, consciente de que o fogo que é acendido do Alto precede a nossa resposta e ultrapassa o nosso trabalho. É assim a missão cristã"– disse o Papa – “uma pessoa semeia, outra faz a colheita”. E concluiu, exortando-os a serem verdadeiros amigos dos seminaristas e sacerdotes.