(Fonte: Radio Vaticana) "Os velhos ditadores já não existem, mas os
ditadores ligeiros são iguais aos primeiros: não acreditam nos princípios da
democracia: a denuncia foi feita pelo arcebispo emérito de Kampala, Uganda,
Card. Emanuel Wamala, intervindo na manhã desta terça feira no Sínodo dos
Bispos para a África , para o qual uma "leadership sem princípios é a primeira
causa dos conflitos.
Muitos lideres - sublinhou - alimentam as divisões para assegurar o seu papel.
Neste contexto a reconciliação representa o desafio principal para os
católicos. E é precisamente a reconciliação o tema mais tratado pelos padres sinodais que
já tomaram a palavra na Aula do Sínodo.
Do Senegal chegou o convite a liturgias de penitencia e de perdão que devem ser
celebrações de alegria, onde o homem faz a paz com o irmão, dos Camarões a
exaltação do perdão recebido e acolhido na cultura tribal Bantú do Sul.
É urgente que as questões étnicas explodidas em conflitos sejam enfrentadas
abertamente com iniciativas pastorais, são os votos formulados pelo presidente
do simpósio das conferencias episcopais da África e Madagáscar Card. Policarp
Pengo para o qual é triste ter de reconhecer que muitos pastores estão
envolvidos nos conflitos, através da participação ou da omissão. «A Igreja africana não poderá falar a uma só voz de reconciliação, justiça e
paz se no continente é evidente a falta de unidade, comunhão e respeito devido
ao SECAM por parte de alguns bispos, ou conferências episcopais nacionais ou
regionais», acrescentou.
Não devemos esquecer as tensões interétnicas e a corrupção em larga escala que
ameaçam o continente, disse por seu lado D. Fidele Agbatachi do Benin, para o
qual a África tem medo e vive de medo, fechando-se numa atitude de autodefesa
que muitas vezes acaba em agressividade.
Mais optimista manifesta-se D. Maron
Elias Lahham, bispo de Tunes que descreve as relações ricas de esperança e
dialogo entre muçulmanos e cristão na África do Norte, onde a Igreja não é
perseguida mas está empenhada no serviço á sociedade e com uma grande margem de
liberdade, colaborando por exemplo com a escola magrebina que tem um pensamento
critico sobre o fundamentalismo. E adverte que ás vezes o medo é um mau
conselheiro.
O prelado sugeriu que o Sínodo para o Médio Oriente, previsto para Outubro do
próximo ano, inclua as dioceses do Norte de África, devido às minorias cristãs
e ao diálogo com o Islão que caracterizam aquelas Igrejas. D. Maroun Elias
sugeriu igualmente a realização de um colóquio sobre o Islão em África, que
tenha em conta a variedade das experiências africanas, de Norte a Sul do
continente.
Depois foi a aberta a pagina trágica das migrações: um fenómeno que toca 10
milhões de africanos e que atinge sobretudo a Líbia, país - ponte para a
Europa. Depois os votos de que a Igreja em África estimule uma conversão
ecológica, através da educação, de maneira que o país já não seja vitima da
desflorestação ou dos resíduos tóxicos.
Finalmente foram recordadas as
violências contra os cristãos, como aquelas que se verificaram na Republica
Democrática do Congo, e o papel dos leigos, definidos a outra face da
evangelização. A encerrar os trabalhos da tarde desta terça feira o apelo do
Papa João Paulo II " Não há paz sem justiça, não há justiça sem perdão".