Sínodo apresenta ao Papa 57 propostas onde se destaca a luta contra a pobreza e os conflitos armados

sinodo251009(Fonte: Radio Vaticano)Os participantes na II assembleia especial para a África do Sínodo dos Bispos aprovaram este Sábado o documento conclusivo dos seus trabalhos, no qual apresentam 57 propostas (proposições) a Bento XVI.


Os Bispos pedem o fim dos conflitos armados e da pena de morte no continente africano. De facto, a paz e a reconciliação, que deram o mote a esta assembleia sinodal, percorrem as diversas propostas, a partir das quais o Papa deverá elaborar uma exortação apostólica.
Uma das novidades apresentadas é a proposta de criação de um "fundo de solidariedade continental" para o combate à pobreza, que seria gerido pela Cáritas.

Das propostas sai também o apelo em favor de um tratado internacional sobre o comércio de armas e pela abolição das armas nucleares, biológicas ou de destruição em massa.
No centro do documento estão temas como o diálogo inter-religioso, em especial com o Islão e as religiões tradicionais, a defesa do ambiente, a necessidade de democracia em toda a África - em especial face à "expansão" de sistemas despóticos e militares -, a defesa da família ou a atenção aos fenómenos migratórios.


Os participantes no Sínodo pedem um tratado internacional sobre o tráfico de armas e apelam ao perdão da dívida externa. O documento deixa votos de que os recursos naturais do continente sejam geridos a nível local, sem a exploração das multinacionais, em especial no que diz respeito a bens essenciais como a terra ou a água. Uma palavra de encorajamento é deixada à aposta nas energias renováveis e na defesa dos agricultores.


Tal como aconteceu na Mensagem Final, os Bispos dizem "não" à corrupção dos políticos e pede maior atenção para as mulheres, crianças e pessoas com deficiência.
Aos governos é pedido que acabem com o drama dos homicídios e dos sequestros, promovendo também uma justa redistribuição dos bens, para criar melhores condições de vida e evitar a chamada "fuga de cérebros".


Os Bispos pedem que as eleições sejam "livres, transparentes e seguras", exigindo aos líderes religiosos uma posição de imparcialidade.


SIDA, malária, droga e álcool são outras realidades que preocupam os padres sinodais, para quem a África deve recusar "estilos de vida promíscuos" que alimentam a sua difusão. À comunidade internacional é pedido que facilite o acesso aos medicamentos e a produção de vacinas, a baixo custo.


Encorajando o trabalho da Igreja, os Bispos exortam os sacerdotes para que vivam o "dom do celibato". Neste contexto eclesial, destaque para a necessidade de uma maior difusão da Doutrina Social da Igreja e de uma aposta séria na educação.

Teólogos, catequistas e as pequenas comunidades cristãs são chamadas a "vencer" o desafio colocado pelos movimentos religiosos esotéricos.


As propostas lembram a importância da comunicação, desejando que a Igreja esteja mais presente nos media e que o jornalismo seja marcado pela ética, afastando-se do sensacionalismo.