O Papa Francisco enviou nesta quarta-feira (12/07) uma mensagem a Dom Ramón Alfredo Dus, arcebispo de Resistência e Presidente da Comissão Episcopal e pastoral bíblica, e aos participantes no Simpósio Internacional sobre a Catequese, a decorrer na Faculdade de Teologia da Pontifícia Universidade Católica da Argentina (UCA), em Buenos Aires.
Na mensagem o Santo Padre começa por recordar o exemplo de São Francisco de Assis que dizia a um dos seus seguidores: “quando visitamos os doentes, ajudamos as crianças e damos de comer aos pobres já estamos a pregar" . Nesta bela lição, observou o Papa, está encerrada a vocação e a tarefa do catequista.
Em primeiro lugar, prossegue Francisco, a catequese não é um "trabalho" ou uma tarefa externa à pessoa do catequista, mas se "é" catequista e toda a vida gira em torno desta missão. Porque "ser" catequista é uma vocação de serviço na Igreja, o que se recebeu como dom do Senhor deve por sua vez ser transmitido, e é por isso que o catequista deve voltar constantemente àquele primeiro anúncio ou "kerygma", que é o dom que mudou a sua vida - é o anúncio fundamental que deve ressoar sempre na vida do cristão, e ainda mais naquele que foi chamado a proclamar e ensinar a fé, sublinha o Papa.
Este anúncio deve acompanhar a fé que está presente na religiosidade do nosso povo – diz ainda o Papa na mensagem. É necessário cuidar de todo o potencial de piedade e amor que envolve a religiosidade popular para que se transmitam não só os conteúdos da fé, mas para que também se crie uma verdadeira escola de formação em que se cultive o dom da fé que se recebeu, de modo que os actos e as palavras reflictam a graça de ser discípulos de Jesus.
O catequista caminha com Cristo e não é uma pessoa que parte das suas próprias ideias e gostos, mas que se deixa olhar por Ele, por esse olhar que inflama o coração, sublinha ainda o Pontífice. Quanto mais Jesus tomar o centro das nossas vidas, tanto mais ele nos faz sair de nós mesmos, nos descentraliza e nos torna próximos dos outros. E o Papa compara este dinamismo do amor ao movimento do coração: "sístole e diástole”, pois se concentra para se encontrar com o Senhor e imediatamente se abre, saindo de si por amor, para dar testemunho de Jesus e falar de Jesus, pregar Jesus.
Ele mesmo nos dá o exemplo, reitera Francisco: retirava-se para rezar ao Pai e imediatamente saia ao encontro dos famintos e sedentos de Deus, para curá-las e salvá-los. Daqui nasce a importância da catequese "mistagógica" que é o encontro constante com a Palavra e os sacramentos e não algo meramente ocasional antes da celebração dos sacramentos da iniciação cristã. A vida cristã é um processo de crescimento e integração de todas as dimensões da pessoa num caminho comunitário de escuta e resposta.
O catequista é também criativo; procura diferentes meios e formas para anunciar a Cristo. Os meios podem ser diferentes, mas o importante é ter presente o estilo de Jesus, que se adequava às pessoas que tinha diante de si para aproximá-las do amor de Deus. É preciso saber "mudar", adaptar-se, para que a mensagem seja mais próxima, mesmo quando é sempre a mesma, porque Deus não muda, mas renova todas as coisas nele. Na busca criativa de dar a conhecer Jesus, não devemos ter medo porque Ele nos precede nesta tarefa. Ele já está no homem de hoje, e lá nos espera.
Queridos catequistas, diz Francisco a terminar, agradeço-vos por aquilo que fazeis, mas sobretudo porque cainhais com o Povo de Deus. Encorajo-vos a ser alegres mensageiros, guardiões do bem e da beleza que brilham na vida fiel do discípulo missionário.
Que Jesus vos abençoe e a Virgem santa, verdadeira "educadora da fé", vos cuide. E por favor, não vos esqueçais de rezar por mim – conclui Francisco.
O Simpósio Internacional sobre a Catequese iniciou nesta terça-feira, dia 11 de julho e terminará na sexta-feira, 14 de Julho. O encontro é organizado pelo Instituto de Catequese da Argentina (ISCA), um organismo dependente da Comissão Episcopal para a Catequese e Pastoral Bíblica da Conferência Episcopal Argentina (CEA), em colaboração com a Faculdade de Teologia da UCA.
"Bem-aventurados os que acreditam " é o lema da conferência na qual, entre os relatores, estão também o arcebispo Luís Francisco Ladaria, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé e Presidente da Comissão de estudo sobre o Diaconato das mulheres, e Dom José Ruiz Arenas, secretário do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização.