O processo de paz entre Israel e a Palestina não pode ser excluído das prioridades da comunidade internacional. Este é um dos pontos-chave indicados por Dom Simon Kassas, Encarregado de negócios junto à Missão do Observador Permanente da Santa Sé na ONU
Em pronunciamento, esta terça-feira (25/07) em Nova Iorque, no debate promovido pelo Conselho de Segurança das Nações Unidas sobre a situação no Médio Oriente e sobre a questão palestina, o representante vaticano recordou que a Santa Sé reitera o seu firme apoio à solução de dois Estados.
Foram expressos votos de uma nova ordem geopolítica que contemple o Estado de Israel tendo ao lado o Estado palestino numa moldura de paz e dentro de confins internacionalmente reconhecidos.
Solução seja negociada
Para garantir segurança e prosperidade na perspectiva de uma coexistência pacífica não existe alternativa a um acordo negociado que leve a uma solução reciprocamente concordada.
O caminho a seguir é o de negociações directas entre israelitas e palestinos, com o apoio da comunidade internacional, acrescentou. Para que este processo possa ser completado com bom êxito, israelitas e palestinos devem dar passos relevantes a fim de reduzir tensões e violências.
Ambas as partes devem abster-se de acções, inclusive a de assentamentos, que podem contradizer o compromisso em favor de uma solução negociada.
Não facções, mas uma frente unida palestina
Em seguida, o Prelado libanês recordou a visita ao Vaticano, em 2014, do Presidente israelita Shimon Peres e do seu homólogo palestino Mahmoud Abbas.
No âmbito de tais encontros o Papa Francisco exortou a rezar e a promover a cultura do diálogo, de modo que se possa deixar em herança às novas gerações “uma cultura que saiba delinear estratégias não de morte, mas de vida, não de exclusão, mas de integração”.
A solução de dois Estados requer também que todas as facções palestinas mostrem uma vontade política unitária trabalhando juntas. Uma frente unida palestina seria fundamental para a prosperidade económica, a coesão social e a estabilidade política de um Estado da Palestina, observou o representante vaticano.
A questão Jerusalém
Também não se deve esquecer Jerusalém, cidade sagrada para os judeus, os cristãos e os muçulmanos. O status quo dos sítios sagrados é uma questão de profunda sensibilidade. A Santa Sé confirma a sua posição em linha com a comunidade internacional e renova o seu apoio por uma solução completa, justa e duradoura concernente à questão da cidade de Jerusalém, disse Dom Kassas.
Além disso, o Prelado reiterou a importância de um estatuto especial para Jerusalém, que seja internacionalmente garantido a fim de assegurar liberdade de religião e de consciência. Deve-se também garantir aos fiéis de todas as religiões e nacionalidades o acesso seguro e livre aos lugares sagrados.
Domingo passado (23/07), ao término do Angelus, o Papa Francisco dirigiu um apelo em favor do Médio Oriente, recordando “as graves tensões e as violências destes dias em Jerusalém”. “Sinto a necessidade de expressar um veemente apelo à moderação e ao diálogo”, afirmou o Santo Padre.
Empenho e soluções políticas para o Oriente Médio
Dom Kassas deteve-se em seguida sobre a situação em várias regiões do Médio Oriente. A Santa Sé exprime a sua dor pelos dramas provocados por guerras e por conflitos em vários países, em particular na Síria, no Iémen e no norte do Iraque.
Nestas áreas, a dramática situação humanitária requer um renovado empenho por parte de todos para se chegar a uma solução política. O Papa Francisco aprecia profundamente os esforços incansáveis daqueles que buscam encontrar uma solução política para o conflito na Síria, acrescentou.
O Pontífice encoraja todos os actores a trabalhar por um processo político sírio que leve a uma transição pacífica e inclusiva, baseada nos princípios do comunicado de Genebra de 30 de junho de 2012.
Um acordo pacífico concordado pelos partidos sírios devolverá estabilidade ao País, permitirá o retorno seguro dos refugiados e dos deslocados, promoverá uma paz duradoura e a reconciliação.
Deste modo, se favorecerá um contexto necessário para esforços eficazes contra o terrorismo preservando a soberania, a independência, a unidade e a integridade do Estado sírio.
Comunidades cristãs não sejam esquecidas
Referindo-se ainda ao Médio Oriente, o representante vaticano recordou, por fim, que as comunidades cristãs habitam naquela região há mais de dois mil anos convivendo pacificamente com as outras comunidades.
A Santa Sé convida a comunidade internacional a não esquecê-las e considera que o estado de direito, incluindo o respeito pela liberdade religiosa, é fundamental para o alcance e manutenção da convivência pacífica, concluiu.