Aos mais de 13 mil fiéis presentes na Praça S. Pedro, entre os quais muitos brasileiros, o Pontífice recordou os momentos mais significativos de seus quatro dias de permanência no país, citando primeiramente a acolhida que recebeu das autoridades civis e eclesiásticas, mas de modo especial do povo colombiano, que definiu “alegre, mesmo em meio a tanto sofrimento”.
“O que chamou a minha atenção foi a multidão e os pais que erguiam os seus filhos para que o Papa os abençoasse. Eles o faziam como para mostrar que este é o seu orgulho, a sua esperança. Um povo que faz isso é um povo que tem futuro”, afirmou Francisco.
Fazer o primeiro passo
O Papa falou ainda do lema “Façamos o primeiro passo”, escolhido em referência ao processo de reconciliação que a Colômbia está vivendo para sair de meio século de conflito interno.
“Com a minha visita, quis abençoar o esforço do povo, confirmá-lo na fé e na esperança, e receber o seu testemunho, que é uma riqueza para o meu ministério e para toda a Igreja”, disse.
Em Bogotá, o Papa se reuniu com as autoridades, os bispos do país e também com o Comitê do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM), aos quais deu o seu encorajamento pastoral. Na capital, Francisco dirigiu ainda sua saudação aos jovens, dos quais pôde constatar o desejo de vida e de paz, “força de vida que a própria natureza proclama com a sua exuberância”, afirmou Francisco, recordando que a Colômbia é o segundo país mais rico em biodiversidade.
Villavicencio
Já Villavicencio foi palco do momento culminante da viagem. A jornada na cidade foi dedicada à reconciliação, primeiramente com a missa para a beatificação dos mártires Jesús Emilio Jaramillo Monsalve e Pedro Maria Ramírez Ramos, e depois com a Liturgia da Reconciliação.
A beatificação dos dois mártires recordou que a paz é fundada também, e talvez sobretudo, sobre o sangue de tantos testemunhos do amor. Para Francisco, ouvir suas biografias foi comovente até as lágrimas, lágrimas de dor e de alegria. Sobre a Liturgia da Reconciliação, o Papa mencionou de modo especial as histórias narradas pelas testemunhas, que falaram em nome de muitas pessoas que, a partir de suas feridas, com a graça de Cristo saíram de si mesmas e se abriram ao encontro, ao perdão e à reconciliação.
Medellín
A viagem depois prosseguiu em Medellín, onde a perspectiva foi a da vida cristã como discipulado: “Quando os cristãos se empenham profundamente no caminho da sequela de Cristo, tornam-se realmente sal, luz e fermento no mundo”, disse o Papa, citando como exemplo os Lares que acolhem crianças desamparadas e as vocações à vida sacerdotal e consagrada.
Cartagena
Por fim, em Cartagena, a cidade de São Pedro Claver, apóstolo dos escravos, Francisco falou do tema dos direitos humanos. O santo jesuíta, e mais recentemente a Santa Maria Butler, demonstraram que dar a vida pelos mais pobres é o caminho para a verdadeira revolução – aquela evangélica e não ideológica – que liberta realmente as pessoas e as sociedades das escravidões de ontem e, infelizmente, também de hoje.
Neste sentido, explicou o Papa, “dar o primeiro passo” significa aproximar-se, prostrar-se, tocar a carne do irmão ferido e abandonado, a exemplo de Jesus, que se tornou escravo por nós. “Graças a Ele há esperança, porque Ele é a misericórdia e a paz.”
Francisco concluiu a catequese confiando novamente a Colômbia e o seu povo a Nossa Senhora de Chiquinquirá. “Com a ajuda de Maria, cada colombiano possa dar todos os dias o primeiro passo em direcção ao irmão e à irmã, e assim construir juntos, dia após dia, a paz no amor, na justiça e na verdade.”
Brasileiros na Praça
Após a catequese, o Papa saudou os inúmeros grupos presentes na Praça. Os brasileiros eram oriundos de Eunápolis, São Paulo, Rio de Janeiro, Jundiaí, Ribeirão Preto, Campo Limpo Paulista, Maceió, Alagoas. Havia também grupos da Obra de Maria e da Ordem Equestre do Santo Sepulcro de Jerusalém.
Francisco também expressou solidariedade às pessoas que foram afectadas pela enchente na cidade italiana de Livorno.