Antes da oração mariana do Angelus e dirigindo-se aos milhares de fiéis e peregrinos reunidos da Praça de S. Pedro, o Papa Francisco comentou a liturgia deste domingo, XXX do TC, que nos apresenta, disse, o breve texto de Mateus em que os fariseus se reúnem para experimentar Jesus e um deles, doutor da lei, lhe pergunta, qual era o maior mandamento da Lei".
Uma pergunta insidiosa, observou o Papa, porque na lei de Moisés são mencionados mais de seiscentos preceitos. Como distinguir, então, entre todos estes, o maior mandamento? Mas, sem hesitar, Jesus responde:
"Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente". E acrescenta: "Amarás o teu próximo como a ti mesmo".
A resposta de Jesus não era assim tão simples e garantida, prosseguiu o Pontífice, pois entre os muitos preceitos da lei judaica, os mais importantes eram os dez Mandamentos, comunicados directamente por Deus a Moisés, como condições do pacto de aliança com o povo. Mas Jesus quer fazer entender que, sem o amor de Deus e do próximo, não existe verdadeira fidelidade a esta aliança com o Senhor:
“Isto é confirmado por um outro texto do Livro do Êxodo, conhecido como "Código da Aliança", onde se diz que não se pode estar na Aliança com o Senhor e maltratar aqueles que gozam da sua protecção: a viúva, o órfão e o estrangeiro, ou seja, as pessoas mais sozinhas e indefesas”.
E Jesus tinha vivido mesmo assim a sua vida: pregando e fazendo aquilo que realmente conta e é essencial, isto é, o amor, porque o amor dá impulso e fecundidade à vida e ao caminho da fé: sem amor, a vida e a fé permanecem estéreis.
O que Jesus propõe neste evangelho, disse ainda o Papa, é um ideal maravilhoso que corresponde ao desejo mais autêntico do nosso coração, porque fomos criados para amar e ser amados:
“Deus, que é Amor, criou-nos para nos fazer participantes da sua vida, para sermos amados por Ele e para O amarmos, e para amarmos com Ele todas as outras pessoas. Este é o "sonho" de Deus para o homem”.
E, para realizar o sonho de Deus, precisamos da sua graça, precisamos receber em nós a capacidade de amar que vem do próprio Deus, e que Jesus nos oferece na Eucaristia, onde recebemos Jesus na expressão máxima do seu amor, quando Ele se ofereceu ao Pai para a nossa salvação.
Que a Virgem Santa nos ajude a acolher na nossa vida o "grande mandamento" do amor a Deus e ao próximo. Pois, embora o conheçamos desde quando éramos crianças, nunca acabaremos de nos converter a ele e de o pôr em prática nas diferentes situações em que nos encontramos.
Depois das Ave-Marias, Francisco referiu-se à beatificação, ontem em Caxias do Sul, no Brasil, do Padre João Schiavo, sacerdote dos Jusepinos do Murialdo, nascido em Vicenza no início dos anos 1900, e enviado como jovem sacerdote ao Brasil, onde trabalhou com zelo ao serviço do povo de Deus e da formação dos religiosos e religiosas. O seu exemplo, disse Francisco, nos ajude a viver plenamente a nossa adesão a Cristo e ao Evangelho.
Em seguida o Papa dirigiu uma cordial saudação a todos, romanos e peregrinos, e em particular saudou a associação doadores de sangue FIDAS de Orta Nova (Foggia).
Uma particular saudação foi à Comunidade Togolesa na Itália, bem como à venezuelana com a imagem de Nossa Senhora de Chiquinquirà, a "Chinita”. À Virgem Maria confiemos as esperanças e as legítimas expectativas destas duas Nações – concluiu Francisco.
E a todos o Papa desejou bom domingo pedindo, por favor, para que não nos esqueçamos de rezar por ele.