Nas felicitações natalinas, Francisco fez um longo discurso sobre o trabalho dos membros da Cúria Romana. Ele comparou os complôs a um câncer e enalteceu a missão da diplomacia vaticana.
O Papa destacou esta Quinta-feira no Vaticano a relação da Igreja Católica com as outras religiões como um esforço essencial à construção de um mundo marcado pela “civilização do encontro”.
Na sua habitual apresentação de cumprimentos de Natal à Cúria Romana, Francisco referiu que o trabalho da Santa Sé nesta matéria deve ser feito em três frentes: da “sinceridade de coração”, da “coragem na diferença”, e na “preservação da identidade”.
Na preservação da identidade “porque não é possível encetar um diálogo verdadeiro baseado na ambiguidade ou no sacrifício do bem próprio para agradar aos outros”.
Na coragem na diferença “porque quem é diferente, cultural ou religiosamente, não pode ser visto ou tratado como um inimigo, mas acolhido como um companheiro de caminhada, com a genuína convicção de que o bem de cada um resulta no bem de todos”.
E na sinceridade de coração “porque o diálogo, como expressão autêntica do humano, não é uma estratégia escudada em segundas intenções, mas uma via para a verdade, que deve ser pacientemente proposta par transformar a competição em colaboração”.
Para o Papa, os vários encontros com autoridades religiosas, quer no Vaticano quer também nas diversas viagens apostólicas já encetadas a outros países e continentes, “foram prova disso mesmo”.
A sessão ficou marcada ainda por uma abordagem do Papa ao trabalho da Santa Sé na área do ecumenismo, também junto das Igrejas Orientais e das Igrejas particulares.
Sobre o trabalho pela unidade dos cristãos, Francisco frisou que este “é um caminho irreversível, sem retrocessos” e para o qual “a Igreja Católica está especialmente empenhada”.
O Papa referiu que o ecumenismo “é um ensinamento essencial da fé, e uma exigência que brota do íntimo de cada ser crente em Cristo”.
“Se promovermos o encontro como irmãos, se rezamos, se colaboramos juntos no anúncio do Evangelho e no serviço aos mais carenciados, já estamos unidos”, sustentou.
Para Francisco, “todas as divergências teológicas e escatológicas que ainda dividem os cristãos só serão superadas por esta via, ainda que sem se saber como e quando, mas com a convicção de que a unidade chegará no tempo que o Espírito Santo considerar como melhor para a Igreja”.
No que diz respeito à missão da Cúria nesta área, o Papa argentino frisou que ela deve “favorecer este encontro” ecuménico, com atenção especial às situações de “incompreensão e hostilidade”, de “preconceito e medo que têm impedido de ver a riqueza da diversidade e a profundidade do Mistério de Cristo e da Igreja que é sempre maior do que qualquer expressão humana”.
Sobre a relação com as Igrejas Orientais, o Papa argentino salientou que ela representa “um exemplo concreto de riqueza na diversidade para toda a Igreja Católica.
“A Igreja de Roma não saberia ser católica sem o contributo inestimável das Igrejas Orientais, e sem o testemunho heroico de tantos irmãos e irmãs orientais que purificam a Igreja aceitando o martírio e oferecendo a sua vida para não negarem Cristo”, enalteceu.
E quanto à importância do contacto com as Igrejas particulares, por exemplo através das visitas ad limina dos bispos católicos dos vários países a Roma, Francisco classificou este trabalho como de “extrema importância”, enquanto contributo e análise á missão pastoral da Igreja no mundo.
“Penso que é uma das mais belas experiências que podemos ter aqui em Roma. As visitas ad limina representam uma grande oportunidade de encontro, de diálogo e de enriquecimento mútuo”, completou o Papa argentino.