O Papa recebeu esta sexta-feira Andrea Riccardi, o fundador da comunidade católica de Sant’Egídio, dedicada aos mais desfavorecidos e à promoção da justiça e da paz a nível internacional.
De acordo com a agência SIR, a audiência decorreu no âmbito dos 50 anos da Comunidade e teve como pano de fundo “o tema do acolhimento e da integração de migrantes e refugiados”.
Francisco e Andrea Riccardi realçaram a importância dos “corredores humanitários”, um projecto criado pela Comunidade de Sant’Egídio “que agora é modelo para Itália e também para a Europa”.
Os corredores humanitários têm como objectivo garantir a entrada em segurança, e de forma legal, dos migrantes e refugiados no continente.
Evitando assim viagens que têm sido muitas vezes fatais, sobretudo aquelas feitas através do Mar Mediterrâneo, que provocaram “inúmeras perdas humanas, incluindo muitas crianças”, explica a página da Comunidade na internet.
Através deste projecto, a Comunidade católica procura também prevenir e evitar a ação dos traficantes que querem retirar dividendos do desespero das pessoas.
Muitas vezes famílias inteiras que têm de deixar os seus países, atravessar oceanos e continentes devido a fenómenos como a guerra, a pobreza e a discriminação social e religiosa.
No que diz respeito à realidade italiana, a Comunidade de Sant’Egídio tem procurado apoiar os migrantes e refugiados que chegam, no acesso a habitação e emprego, na aprendizagem de uma nova língua, na integração na sociedade.
Entre Fevereiro de 2016 e Agosto deste ano, cerca de mil pessoas foram apoiadas na chegada a Itália, vindas da Síria devido à guerra que dilacera aquele país.
Durante o encontro com o Papa, o fundador da Comunidade de Sant’Egídio teve oportunidade de abordar ainda outros temas, que fazem parte da missão daquele projecto no mundo, como a construção da paz e a prioridade aos mais pobres e às periferias.
A Comunidade de Santo Egídio foi fundada no bairro de Trastevere, em Roma, Itália, por Andrea Riccardi, professor de história contemporânea, em 1968.
Tem reconhecimento da União Europeia e do Conselho Económico e Social das Nações Unidas (ECOSOC), pelo trabalho em prol dos direitos humanos e da paz, a nível internacional.
Ela é reconhecida por exemplo pelo seu papel nas negociações que levaram à assinatura do Acordo Geral de Paz entre Frelimo e Renamo, em Roma, a 04 Outubro de 1992, após 16 anos de guerra civil em Moçambique.
Em 2014, recebeu o Prémio Calouste Gulbenkian pela sua ação em favor da paz no mundo e junto dos mais pobres.