O Papa reafirmou nesta Quarta-feira, no Vaticano o compromisso da Igreja Católica contra os abusos sexuais de menores, num encontro com peregrinos, na Praça de São Pedro, onde recordou a recente viagem ao Chile e Peru.
“Confirmei os meus irmãos na recusa de qualquer cedência aos abusos sexuais de menores e, ao mesmo tempo, na confiança em Deus que, através desta dura provação, purifica e renova os seus ministros”, sublinhou, durante a audiência pública semanal.
Francisco referia-se, em particular, ao encontro com os membros do clero e institutos religiosos no Chile, evocando “algumas feridas que afligem a Igreja” nessa nação.
O pontífice não escondeu que a sua passagem pelo país sul-americano ficou marcada por “algumas manifestações de protesto, por diversos motivos”, também ligadas à gestão de casos de abusos sexuais por parte da Igreja Católica local.
Segundo o Papa, os conflitos devem ser resolvidos “com o diálogo”.
A intervenção abordou depois a importância da paz, alertando para uma III Guerra Mundial, “aos bocadinhos”.
“Por favor, rezemos pela paz”, pediu Francisco.
O Papa apontou como caminho para a paz e a consolidação da democracia a escuta dos pobres, dos mais desfavorecidos e da própria terra.
Neste contexto, a intervenção recordou o encontro com os povos da Amazónia em Puerto Maldonado (Peru), iniciando o percurso para o Sínodo Pan-Amazónico convocado para 2019.
“Juntos, dissemos ‘não’ à colonização económica e ideológica”, realçou o Papa.
Passando em revista as várias etapas da viagem de 15 a 21 de janeiro, por seis cidades do Chile e Peru, Francisco retomou os seus alertas contra a corrupção.
“Também aqui. É mais perigosa do que a gripe, não é?”, disse aos peregrinos reunidos no Vaticano.
“A corrupção destrói os corações. Por favor, não à corrupção”, acrescentou.
O Papa destacou, entre os vários momentos vividos na América Latina, um “gesto importante”, a visita ao Estabelecimento Prisional feminino em Santiago do Chile.
“Não podemos pensar nenhuma prisão sem a dimensão da reinserção”, defendeu, considerando que sem uma perspetiva de esperança, a cadeia se transforma numa “tortura infinita”.
Francisco percorreu a Praça de São Pedro em papamóvel, saudando várias crianças; por causa do frio, alguns menores acompanharam a audiência pública desde o auditório Paulo VI.
Nas tradicionais saudações aos vários grupos presentes, o Papa dirigiu-se aos peregrinos de língua portuguesa.
“Sejamos fortes na fé em Jesus Cristo, que nos convida a abrir os nossos corações aos irmãos e irmãs necessitados. Assim nos convertemos em verdadeiros promotores da paz. Deus vos abençoe. Obrigado pelas vossas orações”, disse.