O Papa Francisco mostrou-se este Domingo “profundamente preocupado” com a escalada de violência na Síria, deixando críticas à comunidade internacional pela falta de um acordo para a paz.
“Estou profundamente preocupado com a actual situação mundial, na qual – apesar dos instrumentos ao dispor da comunidade internacional – se tarda a acordar uma acção comum em favor da paz na Síria e noutras regiões do mundo”, disse, perante milhares de peregrinos reunidos no Vaticano para a recitação da oração pascal do ‘Regina Coeli’.
Francisco disse rezar pela paz e convidou todas as pessoas de boa vontade a fazer o mesmo, antes de apelar de novo aos responsáveis políticos, “para que prevaleçam a justiça e a paz”.
A intervenção foi sublinhada com uma salva de palmas, pela multidão.
Os EUA, França e o Reino Unido lançaram um conjunto de ataques com mísseis, na madrugada de sábado, contra três alvos associados, alegadamente, à produção e armazenamento de armas químicas na Síria.
A decisão foi justificada com um presumível ataque químico realizado no dia 7 de Abril, perto de Douma, Síria, que matou pelo menos 45 pessoas e deixou centenas de feridos.
O Papa Francisco na oração do Regina Coeli’ falou sobre dois casos de doentes a que os médicos querem retirar o suporte artificial vital, apelando ao “respeito pela vida”.
O pontífice, referiu-se especificamente ao francês Vincent Lambert, que há dez anos vive exclusivamente com meios de suporte de alimentação e hidratação artificiais, no Hospital de Reims; e ao pequeno Alfie Evans, de 23 meses, internado em Liverpool, Inglaterra, com uma doença incurável e degenerativa, que vai ser desligada das máquinas por ordem da Justiça britânica.
Francisco recordou, partindo destas situações, “os que vivem, por vezes durante muito tempo, num estado grave de doença, assistidos medicamente para as suas necessidades primárias”.
“São situações delicadas, muito dolorosas e complexas. Rezemos para que cada doente seja sempre respeitado na sua dignidade e cuidado de forma adequada à situação, com o contributo concordante dos familiares, dos médicos e dos outros profissionais de saúde, com grande respeito pela vida”
No último dia 5 de Abril, o Papa tinha recorrido à sua conta do Twitter para manifestar apoio aos pais de Alfie Evans, criança inglesa a que um hospital de Liverpool vai desligar das máquinas.
“É minha sincera esperança que seja feito todo o possível para continuar a acompanhar o pequeno Alfie Evans e que o profundo sofrimento de seus pais seja ouvido”, escreveu Francisco.
Um juiz decretou que o hospital pode desligar o suporte que garante a vida da criança, apesar da oposição dos pais e de milhares de pessoas, e esta quarta-feira determinou um dia e hora para que se desliguem as máquinas, data que vai ser mantida em sigilo.
O caso recorda o de Charlie Gard, que faleceu em Julho de 2017, após uma batalha judicial entre os seus pais e o Estado.
Na sua catequese de hoje, o Papa falou do corpo humano como “um magnífico dom de Deus”.
“Somos, por isso, chamados a ter grande respeito e cuidado pelo nosso corpo e pelo corpo dos outros”, sublinhou, antes da recitação da oração pascal do ‘Regina Coeli’.
Segundo Francisco, qualquer ofensa, ferida ou violência ao corpo de um ser humano é “um ultraje ao Deus criador”.
“O meu pensamento dirige-se, em particular, às crianças, às mulheres, aos idosos maltratados no corpo. Na carne destas pessoas encontramos o corpo de Cristo”, advertiu.
O Papa denunciou as “escravaturas” contemporâneas, num mundo em que “prevalece a prepotência contra os mais fracos e o materialismo sufoca o espírito”.
O encontro de oração foi acompanhado por um grupo de fiéis de Madagáscar, no dia em que é beatificado, nesta ilha, o mártir Luciano Botovasoa.
Francisco deixou um elogio ao novo beato, “preso e morto” por causa da sua fé cristã, que apresentou como “um exemplo de caridade e fortaleza na fé”.
O Papa lamentou, depois, a notícia da morte de três homens que tinham sido sequestrados, no final de Março, junto à fronteira entre o Equador e a Colômbia, deixando uma palavra de solidariedade aos familiares e a todo o povo equatoriano, para que se mantenha “unido e pacífico”.