O Arcebispo do Huambo fez esta afirmação em entrevista a edição zero do jornal do Planalto.
Segundo o o prelado as assimetrias, que ainda se observam, constituem um grande perigo para o desenvolvimento harmonioso do país, lamentando o facto de muitas pessoas continuarem a fixar-se no litoral, onde há melhores oportunidades e serviços.
“Depois de 2002, existiram zonas de Angola, como o litoral, que cresceram. Mas o interior continuou a ser esquecido e isso voltou a mexer com o modus vivendis das gentes que aqui habitam”, assumiu.
Por causa das assimetrias no desenvolvimento regional do país, o prelado católico disse que muitas pessoas aperceberam-se, rapidamente, que a melhor forma de melhorar a vida era ir viver para as zonas do litoral.
Esta realidade, segundo ainda dom José Alves Queirós, deve ser rapidamente contornada, porque, cada vez que se vai mais para dentro do território nacional, relativamente às zonas do litoral, as dificuldades das pessoas aumentam significativamente.
“Não houve, depois de alcançada a paz, e continua a não haver uma visão correcta, por parte da classe governante, na distribuição da riqueza nacional. Existiu um grande esforço na reabilitação de grandes equipamentos sociais e até infra-estruturas económicas, mas a vida das pessoas, no interior, pouco se alterou”, reconheceu.
Afirmou, também, que grande parte das pessoas do interior continuam a buscar conforto nas zonas próximas ao mar, por ser lá onde há, de facto, mais investimentos públicos e onde a economia funciona melhor.
A ideia de que o interior do país deve ser priorizado nos grandes investimentos públicos é, para Dom José Alves Queirós, indispensável para promover o desenvolvimento equilibrado.
Por isso, advogou a criação de condições propícias para que as províncias do interior se desenvolvam, começando pela atracção dos quadros, para que estes possam aplicar na prática os conhecimentos e aptidões que possuem.
“Estamos a fazer com que muitas pessoas formadas, com muitos conhecimentos e até grandes aspirações, sintam-se frustradas, porque não têm como aplicar, na prática, o que sabem”, disse.
Sublinhou que, quanto mais os governantes, dentro das suas políticas governamentais, souberem criar pólos de desenvolvimento nas diferentes regiões do país, evitar-se-á que as populações andem sempre a correr para Luanda e fixem-se nas suas zonas de origem.
Fonte: Angop